Abstract
O presente artigo toma como ponto de partida reflexões realizadas por Giorgio Agamben acerca da pintura O esfolamento de Marsias, de Ticiano, para pôr em questão a relação entre a “inspiração” artística e o trabalho do pensamento crítico enquanto trabalho de luto. Assim, recorre a conexões entre os pensamentos de Agamben e de Benjamin, no intuito de tomar do filósofo alemão indicações sobre a “melancolia barroca” que permitam sustentar a hipótese de que o quadro de Ticiano, ao representar o próprio pintor como Midas buscando ouvir o “lamento” de Marsias, seja “exemplar” do luto que corresponde tanto ao trabalho do filósofo quanto ao do artista. Isso porque ambos tomariam como “objeto” aquilo que é irrepresentável ao olhar e impossível à palavra: a relação, sempre pendente, entre potência e impotência.
 Palavras-chave: Lamento. Linguagem. Impotência. Criação artística. Luto.
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