Abstract

A literatura dramática brasileira, de forma geral, reflete umatensão latente no que diz respeito à retomada da cultura greco-latina.Os clássicos evocam uma condição subalterna da qual nos queremoslivrar. Não obstante, o vínculo é inescapável. Esse impasse resultouamiúde em obras relevantes e bastante originais. Em Pedreira dasAlmas, Jorge Andrade, filho da grande erudição europeia e igualmenteda norte-americana, recria o passado a partir das diretrizes fundamentaisda cultura helênica, a saber, a obsessão pelo autorreconhecimento, aliberdade frente à criação, os recursos da retórica antiga aplicados nãosomente à linguagem mas, sobretudo, ao pensamento – a composição de personagens em quiasma, por exemplo – e a concepção da tragédia como movimento de transformação para uma cultura.

Highlights

  • A literatura dramática brasileira, de forma geral, reflete uma tensão latente no que diz respeito à retomada da cultura greco-latina

  • Não passou despercebida a relação da peça com a tragédia ática, aspecto adequadamente resumido por Seth Jeppesen (2014, tradução nossa): Em sua peça Pedreira das Almas, o dramaturgo brasileiro Jorge Andrade faz uso de personagens e temas da Antígona de Sófocles com o objetivo de contar uma história de violência e opressão colonial armada no contexto do distrito rural minerador de Minas Gerais durante as lutas do século XIX para se forjar uma identidade brasileira verdadeiramente independente

  • N. O passado alimentando o porvir: discussões em torno do drama moderno brasileiro a partir de Pedreira das Almas (1957/1970), de Jorge Andrade

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Summary

A literatura dramática brasileira e o jugo europeu

A literatura dramática brasileira, de forma geral, reflete uma tensão latente no que diz respeito à retomada da cultura greco-latina. Não passou despercebida a relação da peça com a tragédia ática, aspecto adequadamente resumido por Seth Jeppesen (2014, tradução nossa): Em sua peça Pedreira das Almas, o dramaturgo brasileiro Jorge Andrade faz uso de personagens e temas da Antígona de Sófocles com o objetivo de contar uma história de violência e opressão colonial armada no contexto do distrito rural minerador de Minas Gerais durante as lutas do século XIX para se forjar uma identidade brasileira verdadeiramente independente.. Com exatidão, Jeppesen define o enredo; de fato, a contenda do século XIX é a grande base dessa tragédia que acaba por tornar-se – no conjunto da obra jorge-andradina – a metáfora de uma ação permanente dos brasileiros, que, a cada fevereiro ou março, homenageiam – atualizando os rituais, é bem verdade – Baco e sua capacidade eleutérica. E em reação a décadas de repetição do estilo e das tendências e do cânone estrangeiro, importado desde a alvorada da nossa colonização, quando tínhamos os olhos voltados exclusivamente para a Europa, essa atitude é bastante visível (PRADO, 2008, p. 35-36)

Antropo ou omofagia?
As profundas raízes gregas de Andrade: magma
Pedreira das Almas: um témenos universal
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