Abstract

Este trabalho se insere nos debates sobre a diversidade de significados dos esportes nas situações de lazer em contextos urbanos. Resulta de uma pesquisa etnográfica multilocalizada desenvolvida num grande circuito de 'futebol varzeano' da cidade de Porto Alegre, que representa uma importante configuração de lazer. O objetivo foi compreender as dinâmicas de constituição das noções de violência nessa esfera de lazer, tendo como enfoque analítico dois 'personagens empíricos': o 'guri' e o 'nego véio da várzea'. Esse empreendimento é efetivado num debate com a teoria elisiana em relação à violência e à busca da excitação agradável nas práticas miméticas do esporte. Ao final, apontamos dois aspectos como contribuições para os estudos do lazer: a existência de violências desagradáveis que não representam rupturas, mas que 'fazem parte' do contexto mimético, apontadas como desproporcionalidades; a vivência da tensão-excitação agradável não apenas num nível ótimo, mas também nos deslizamentos emocionais entre distintos equilíbrios de tensão.

Highlights

  • This work is part of the discussions on the diversity of sports meanings in leisure situations

  • Competição na categoria livre? Seria a maneira de lidar com a violência um aspecto definidor do que é ser ‘um guri’ ou ‘um nego véio’? Neste texto propomos mostrar resultados da experiência etnográfica em torno dessas questões e de como ela possibilitou desenvolver diálogos entre os esquemas conceituais acadêmicos e as categorias nativas que orientavam as práticas dos nossos interlocutores

  • Nesse sentido os jogos vividos com bastante intensidade eram aqueles em que o equilíbrio de tensões frequentemente estava em construção, algo que os ‘nego véio da várzea’ sabiam lidar de maneira adequada no sentido de ‘segurar o jogo’ nos limites das práticas miméticas

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Summary

INTRODUÇÃO

Nos debates acadêmicos em torno da compreensão das práticas esportivas, a abordagem orientada para a diversidade das apropriações e a heterogeneidade dos significados, para além dos discursos oficiais e das grandes narrativas. O enfoque aqui foi dado sobre as controvérsias em torno da diversidade das construções culturais de diferentes noções de violência em partidas de futebol que se desenvolviam num grande circuito de lazer da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, denominado de ‘municipal da várzea’[1]. Logo na quarta imersão da pesquisa, numa reunião em que participavam os organizadores ‘do Municipal’ de 2009 (dirigentes da Secretaria Municipal de Esportes, Recreação e Lazer e representantes das Ligas de Futebol), ficava clara a preocupação em relação aos jogadores denominados de ‘guris’, sendo estes vinculados aos problemas mais graves de ‘violência em campo’, o que não ocorria com aqueles chamados de ‘veteranos’ ou os ‘nego véio[2] da várzea’ Neste texto propomos mostrar resultados da experiência etnográfica em torno dessas questões e de como ela possibilitou desenvolver diálogos entre os esquemas conceituais acadêmicos e as categorias nativas que orientavam as práticas dos nossos interlocutores. Na sequência disso – em diálogo com o nosso material empírico – buscamos compreender processos de constituição das formas de jogar com as violências no esporte de lazer

A VIOLÊNCIA NO PROCESSO CIVILIZATÓRIO
A VIOLÊNCIA MIMÉTICA DO ESPORTE NO LAZER
JOGANDO COM AS VIOLÊNCIAS EM CAMPO
O ‘GURI’ E O ‘NEGO VÉIO DA VÁRZEA’
CONSIDERAÇÕES FINAIS

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