Abstract

Nas últimas décadas, memoriais públicos têm adotado a abstração, e não a figuração, para representar os eventos que eles comemoram. Isso é feito especialmente no caso de eventos históricos traumáticos, como o 11 de Setembro. Enquanto a prática se situa em forte contraposição à tradição dos memoriais de guerra, também conecta estes memoriais à mudança na maneira como esses eventos são conceitualizados. Conforme a vitória sobre o inimigo, como nos memoriais de guerra, cedeu lugar à perda a toda a humanidade, como no exemplo paradigmático do Holocausto, os monumentos se abriram a interpretações críticas. Assim, esses monumentos e memoriais não apenas comemoram, mas também comentam ou condenam os eventos aos quais se referem. O problema se torna mais complexo, porém, quando se trata dos limites entre nações e comunidades de luto, como no já mencionado 11 de Setembro. Nestas situações, a retórica de favorecer a abstração sobre a figuração – que eu chamo aqui, a partir de Jacques Rancière, irrepresentação – coloca estes eventos numa zona neutra, desconectando-os de suas consequências políticas mas também da política mais geral de produção e circulação de imagens. Partindo de Rancière mas também de Reinhart Koselleck e Talal Asad, esta contribuição aborda os problemas levantados acima por meio da crítica do irrepresentável nos memoriais contemporâneos, argumentando que a celebração coletiva do luto privado não pode ofuscar o caráter político destes eventos.

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