Abstract

O presente artigo se propõe a analisar a intervenção federal no âmbito da segurança pública no Rio de Janeiro em 2018 a partir de uma reconstrução histórica dos projetos de segurança militarizada dentro da metáfora de guerra. Argumenta-se que a intervenção federal opera em continuidade com o paradigma repressivo que inicialmente buscou pacificar áreas não integradas à ordem constituída para o funcionamento da cidade corporativa neoliberal. Porém, inaugura um novo capítulo na gestão populista da segurança pública no Rio, aprofundando e atualizando a guerra contra os pobres favelados pela disseminação do medo.

Highlights

  • O presente artigo se propõe a analisar a intervenção federal no âmbito da segurança pública no Rio de Janeiro em 2018 a partir de uma reconstrução histórica dos projetos de segurança militarizada dentro da metáfora de guerra

  • It is argued that the federal intervention operates in continuity with the repressive paradigm that initially sought to pacify areas unintegrated to the order constituted for the functioning of the neoliberal corporate city

  • It opens a new chapter in the populist management of public security in Rio, deepening and updating the war against the poor slum dwellers by spreading fear

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Summary

André Filipe Pereira Reid dos Santos

O presente artigo se propõe a analisar a intervenção federal no âmbito da segurança pública no Rio de Janeiro em 2018 a partir de uma reconstrução histórica dos projetos de segurança militarizada dentro da metáfora de guerra. O debate político-eleitoral no Rio de Janeiro foi polarizado entre demandas por repressão institucional como resposta à violência urbana e a proposta brizolista de imprimir mais legitimidade à atuação policial mediante o policiamento comunitário[4], a fim de afastar a imagem de uma polícia arbitrária que tinha a função de reprimir os opositores do governo (RIBEIRO, 2014). A partir de 2012, uma série de fatores passa a delinear o colapso das UPPs: o aumento nos índices de violência e letalidade; a rápida expansão das unidades, que exigiu a realocação dos policiais das áreas já ocupadas, seguida do reestabelecimento dos traficantes e retorno das operações militares dentro das favelas; a repressão indiscriminada; e a quebra de expectativa no que se refere à corrupção e atuação policial (MENEZES, 2018), somados à intensificação da crise política e financeira vivenciada pelo Rio. Essa conjuntura ocasionou a extinção de 19 das 38 unidades (LUCCHESE, 26/04/2018). O paradigma da necropolítica é a “exclusão inclusiva” (Idem, 2016, p. 128) dessa população nos cálculos de distribuição racional da morte por meio da construção de um inimigo em nome da defesa da sociedade, consolidando o direito de matar em nome dos mecanismos de segurança de manutenção da ordem socialmente construída, da defesa da propriedade privada e da vida

Considerações finais
Fontes da imprensa
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