Abstract

No contexto religioso afro-brasileiro, alguns pesquisadores defendem ser o caboclo resultado do processo de nacionalização de hábitos africanos, em que o negro transmuta-se no que acredita ser indígena, a partir da imagem do índio na literatura romântica, tentando garantir um lugar para si no país após a escravidão. Neste artigo discute-se a pertinência desse argumento ao investigar a presença de entidades caboclas em sua vertente feminina, através de uma comparação destas com as imagens idealizadas de índias românticas. Advoga-se que, para entender a função das caboclas no panteão umbandista e em vidas de mulheres contemporâneas, será preciso dar ouvidos ao que elas dizem através de suas médiuns, relacionando seu discurso com as histórias de vida dessas mulheres e com a experiência social concreta das comunidades que se lhes devotam.

Highlights

  • Resumo: No contexto religioso afro-brasileiro, alguns pesquisadores defendem ser o caboclo resultado do processo de nacionalização de hábitos africanos, em que o negro transmuta-se no que acredita ser indígena, a partir da imagem do índio na literatura romântica, tentando garantir um lugar para si no país após a escravidão

  • A autora defende que a narrativa da obra citada, sendo muito popular no Maranhão, é representada, reelaborada e atualizada pelos religiosos, a partir de entidades espirituais que têm características e histórias coincidentes com as dos personagens literários

  • O outro modelo feminino presente na literatura indianista aparece com menos freqüência, mas pode ser útil para investigar a influência ou não dessa literatura na construção da narrativa sobre caboclas pela população ligada a religiões populares

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Summary

José Francisco Miguel Henriques Bairrão

Resumo: No contexto religioso afro-brasileiro, alguns pesquisadores defendem ser o caboclo resultado do processo de nacionalização de hábitos africanos, em que o negro transmuta-se no que acredita ser indígena, a partir da imagem do índio na literatura romântica, tentando garantir um lugar para si no país após a escravidão. Neste artigo discute-se a pertinência desse argumento ao investigar a presença de entidades caboclas em sua vertente feminina, através de uma comparação destas com as imagens idealizadas de índias românticas. Advoga-se que, para entender a função das caboclas no panteão umbandista e em vidas de mulheres contemporâneas, será preciso dar ouvidos ao que elas dizem através de suas médiuns, relacionando seu discurso com as histórias de vida dessas mulheres e com a experiência social concreta das comunidades que se lhes devotam. Neste artigo busca-se resposta para a possível relação entre literatura romântica, especialmente indianista, e as caboclas do panteão religioso popular. Para tanto procedeu-se a uma revisão da literatura pertinente à possível influência de modelos literários românticos na construção do tipo religioso da cabocla metafísica, discutidos à luz da crítica literária, em especial feminista, e entrevistaram-se caboclas e mulheres suas médiuns. De acordo com um levantamento do que se tem dito sobre “caboclos”, de modo geral, constata-se que a

RAQUEL REDONDO ROTTA E JOSÉ FRANCISCO MIGUEL HENRIQUES BAIRRÃO
Literatura romântica e caboclas espirituais
Influência da literatura?
Referências bibliográficas
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