Abstract

Diversos aspectos da cultura podem impactar a ciência e prática médica, mas muitas vezes esses fatores não recebem a atenção devida. Este artigo aborda diferentes fatores culturais que geraram teorias e práticas discriminatórias da ciência e prática médica em relação a raça e a religiões mediúnicas no Brasil na primeira metade do século XX. Inicialmente, com base em fontes primárias, serão apresentadas as perspectivas dos médicos sobre a questão racial e então são analisados fatores cognitivos (etnocentrismo e preconceitos), socioeconômicos (não considerar a desvantagem econômica) e históricos (urbanização, prestígio da eugenia, construção do país) que influenciaram negativamente suas posturas. Posteriormente, também com base nas fontes primárias, apresentamos e analisamos o discurso médico sobre a loucura espírita, onde as vivências mediúnicas são entendidas como sintomas ou causas importantes de doenças mentais graves. A seguir, são analisados aspectos religiosos (catolicismo), filosóficos (materialismo e visão de ciência) que influenciaram esse discurso. Conclui-se pela necessidade de se atentar para a influência de fatores culturais nos discursos e práticas de diversas áreas da ciência, bem como no cuidado aos limites das áreas de abrangência de cada disciplina científica.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call