Abstract

Resumo Este ensaio teórico levanta os principais aspectos da formação da teoria da administração e realiza uma aproximação com a abordagem de Boaventura de Sousa Santos, que advoga uma epistemologia do Sul. Evidencia-se que a ciência positivista demarcou o que é válido como conhecimento e excluiu o que fica além desse "cânone científico". Em síntese, toda e qualquer produção científica fora dos padrões considerados verdadeiros e aceitos pela academia mundial torna-se inválida. Sob essa perspectiva, a obra de Boaventura de Sousa Santos, particularmente a sociologia das ausências e emergências, destaca a hegemonia dos valores notados no processo de interpretação e condução das pessoas em sociedade sob a óptica hegemônica do Norte. Assim, foi traçada uma linha (invisível) abissal, que demarca como válidas somente as experiências do Norte, produzindo ausências epistemológicas nos demais países que, por condições determinantes de sua história como colônias, importaram teorias. Por meio de um ensaio teórico, apresentamos a influência do estrangeirismo na ciência administrativa e as contribuições de Boaventura de Sousa Santos, as quais podem inspirar a construir um conhecimento emancipatório e interdisciplinar, de modo que a administração também utilize sua ecologia de saberes para superar suas ausências epistemológicas.

Highlights

  • This theoretical essay surveys the main aspects in the formation of administration theory and it provides a closer look at the approach by Boaventura de Sousa Santos, who advocates for an epistemology of the South

  • Se trazó una línea abismal, que demarca como válidos sólo las experiencias del Norte, produciendo ausencias epistemológicas en los otros países que, mediante factores determinantes de su historia como colonias, importaron teorías

  • Quando a ciência moderna rompe com o senso comum, ela deixa de reconhecer e marginaliza outros saberes, cometendo, nas palavras de Boaventura, um verdadeiro “epistemicídio” contra os conhecimentos populares, tradicionais, leigos, artísticos, míticos, entre outros, em nome de uma ciência moderna

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Summary

Luis Moretto Neto

Para perceber e entender a fragilidade e a delicadeza dos estudos organizacionais no Brasil, buscou-se o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos (2010), que sugere uma “epistemologia do Sul”, partindo do pressuposto de que existe uma epistemologia – dominante e hegemônica – do Norte. Para superar a razão indolente, ampliar o mundo e expandir o presente, o autor sugere uma sociologia das ausências e emergências, que tem por objetivo transformar objetos impossíveis em possíveis e, com base neles, transformar ausências em presenças, centrando principalmente nos fragmentos da experiência social não socializada pela totalidade metonímica (SANTOS, 2006a). Enquanto a razão proléptica – que não pensa o futuro, pois julga saber tudo a respeito dele e o concebe como uma superação linear, automática e infinita do presente – ampliou as expectativas e, com isso, reduziu o campo das experiências e, portanto, contraiu o presente, “a sociologia das emergências busca uma relação mais equilibrada entre experiência e expectativa, o que, nas atuais circunstâncias, implica dilatar o presente e encurtar o futuro” A seguir, procura-se mostrar como se deu a consolidação do estrangeirismo na administração e, em resposta, apresentam-se os trabalhos de tradução, que podem ser uma forma de atenuar esse quadro

ESTRANGEIRISMO E O TRABALHO DE TRADUÇÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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