Abstract

Objetivo: Avaliar a associação entre inatividade física no lazer (IFL) e transtornos mentais comuns (TMC) entre trabalhadores(as) da Atenção Primária à Saúde (APS). Métodos: Estudo transversal, realizado com amostra aleatória de 2.136 trabalhadores(as) da APS de municípios do estado da Bahia. O questionário de coleta de dados incluiu características sociodemográficas e ocupacionais, hábitos de vida e o Self-Reporting Questionnaire. Procedeu-se análise multivariada, com uso da Regressão de Poisson com variância robusta. Resultados: Identificaram-se prevalências de 22,6% para TMC e 48,2% para IFL. Na análise bivariada, houve maior prevalência de TMC naqueles com IFL (p<0,001), sexo feminino (p=0,015), menor nível de escolaridade (p=0,001) e renda (p<0,001), nos Agentes Comunitários de Saúde (p<0,001), com tempo de trabalho de cinco anos ou mais (p=0,040) e com comportamento sedentário no lazer (assistir TV e/ou ouvir rádio) (p=0,025). Evidenciou-se incremento da prevalência de TMC entre aqueles com IFL (53%), com tempo de trabalho na unidade maior ou igual a cinco anos (20%) e cujas atividades no seu tempo de lazer eram assistir TV e ouvir rádio (30%). Na análise múltipla, a associação entre IFL e TMC manteve-se significante (RP: 1,36; IC95%: 1,11-1,65), ajustando-se pelas variáveis confundidoras. Conclusão: A IFL é importante fator determinante da ocorrência de TMC entre trabalhadores(as) da APS, com influência de características da organização e processo de trabalho e outros hábitos de vida no lazer nessa relação.

Highlights

  • A maior prevalência de Transtornos Mentais Comuns (TMC) entre os trabalhadores da saúde do sexo feminino pode ser explicada pelo fato de que com a inserção da mulher no mercado de trabalho profissional, elas passaram a assumir dupla jornada de atividades, pois mesmo trabalhando fora de casa, continuaram tendo o papel social de cuidar dos filhos e de outros membros da família, permanecendo como a principal responsável pelas atividades domésticas, diferente do homem, que em sua maioria mantém apenas as atividades laborais fora de casa

  • Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, (18), 59-66

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Summary

Introdução

Os Transtornos Mentais Comuns (TMC) podem ser caracterizados como transtornos depressivos e de ansiedade, incluindo sintomas de queixas somáticas, insônia, irritabilidade, cansaço, dificuldade de concentração, problemas de memória e sentimentos de inutilidade, que poderão ser manifestos em conjunto ou de forma isolada (Goldberg, 1993; Skapinakis et al, 2013). Considerando a APS como um cenário que pode gerar sofrimento e frustração aos trabalhadores da saúde, uma vez que a saúde psíquica relaciona-se com os aspectos da organização e condições de trabalho, a prática regular de atividade física pode ser um importante mecanismo de recuperação do equilíbrio físico, mental e social do indivíduo, podendo contribuir para diminuição dos efeitos deletérios ocasionados pela experiência do trabalho de alta demanda psicológica (Lua et al, 2018). Diante das condições organizacionais e do processo de trabalho na APS que pode favorecer ao adoecimento psíquico dos trabalhadores da saúde, bem como suprir uma lacuna científica acerca das repercussões da inatividade física no lazer na saúde mental dos trabalhadores da APS, este estudo objetivou avaliar a associação entre inatividade física no lazer e TMC entre trabalhadores da APS

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