Abstract
O intuito desse artigo é mostrar o problema da relação entre filosofia e teologia no pensamento de Paul Ricœur (1913-2005). É possível uma abordagem teológica de um filósofo? Seria razoável que Ricœur abordasse temas como o mal, o perdão e a reconciliação? Trata-se, como veremos a seguir, de uma relação complexa no próprio pensamento de nosso filósofo. Por isso, apresentaremos o desenvolvimento da relação entre a filosofia e a teologia em algumas de suas obras, utilizando, para tanto, seus principais comentadores da temática em questão. É possível afirmar que alguns aspectos tornam o projeto filosófico ricoeuriano singular: há um cuidadoso diálogo com diversos pensadores de diferentes épocas e campos do conhecimento. Ricœur parece absorver as grandes contribuições teológicas e de áreas afins do século XX. O diálogo entre o filosófico e o teológico, nesse aspecto, alarga o campo de pensamento da filosofia, enriquecendo-o, protegendo-o de pré-compreensões.
Highlights
No prefácio de Soi-même comme un autre, Ricœur (1990) demonstra que a crítica deve ser autônoma, não entrando no campo religioso, o que podemos dizer ser uma tendência mais próxima a um agnosticismo, o que retoma nos últimos anos de sua trajetória intelectual, sobretudo na obra póstuma Vivant jusquà la mort (RICOEUR, 2007)
Paul Ricoeur between theology and philosophy: detour and return
Summary
INTERAÇÕES, Belo Horizonte, Brasil, v. 15, n. 02, p. 354-368, jul./dez. 2020 - ISSN 1983-2478. O grande fundamento da reflexão ricoeuriana é a filosofia, embora a teologia, sobretudo através de seus estudos de exegese bíblica, também ocupe um respeitável lugar em suas pesquisas. Alguns temas são limítrofes entre os dois saberes, notadamente: o mal, a esperança e o perdão. Além disso, também não pode ser pensado sem o mal e a esperança. Apesar de nosso autor não ter elaborado uma vertente teológica de seus estudos sobre o perdão (talvez não tenha elaborado explicitamente, mas essa vertente está presente de maneira indireta em obras como Amour et Justice e Penser la Bible (RICOEUR, 1998), como o fez em relação ao mal e à esperança, não é possível estudar a temática sem levar em consideração sua inspiração e sua abordagem teológica
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