Abstract

A imigração portuguesa no Brasil foi retratada por autores dos dois países, mas essas representações têm sido pouco estudadas. Neste artigo, aproximações e distanciamentos no imaginário dessa migração são discutidas a partir de livros de três portugueses que viveram em solo brasileiro nos séculos XIX e XX. Cinco imagens da migração – como escravatura, sorte, maturação, desilusão e alma dividida – são vistas e analisadas na prosa de ficção e não ficção de Gomes de Amorim, Ferreira de Castro e Miguel Torga. Tal imaginário é contrastado com o de autores que não imigraram, como Camilo Castelo Branco, Ramalho Ortigão e Eça de Queirós, e com concepções de Eduardo Lourenço e Vitorino Nemésio, que viveram certo período no Brasil e escreveram sobre a presença portuguesa no país.

Highlights

  • Portuguese immigration in Brazil was portrayed by authors from both countries, but these representations have been little studied

  • Imagens das migrações entre Brasil e Portugal têm sido difundidas por escritores dos dois países, mas raros estudos literários ou migratórios lhes deram atenção

  • 54, sl. 1704 Centro, 20031000 Rio de Janeiro, RJ, Brasil

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Summary

Imigração no Brasil na literatura portuguesa: imagens do século XIX3

Quando se buscam representações da imigração portuguesa no Brasil em obras de ficção e não ficção do século XIX, um diferencial frente ao século seguinte é a ausência de uma perspectiva de imigrante na grande parte dos textos, escritos por autores sem vivência de morador ou mesmo de visitante no Brasil. A emigração para o Brasil foi um dos temas de Ramalho Ortigão e Eça de Queirós nas crônicas mensais As farpas, pioneiras na crítica social e cultural em Portugal e depois reunidas em As farpas (1887-91, 11 v.), com textos de Ortigão,[5] e Uma campanha alegre (1890-91, 2 v.), de Queirós. 5 Ortigão teria escrito um livro sobre o Brasil, mas não foi impresso, o que se atribui até à mudança de regime político no país em 1889 (ALVES, 2009). As consequências ressaltadas na migração eram distintas: Ortigão, ao vê-la como exploração, remetia à servidão por dívida e às massas ociosas no Brasil e em Portugal; Queirós, para quem ela era abandono, aludia ao retorno de emigrantes não investidores. Os dois autores não tinham, porém, a experiência que o ex-migrante Gomes de Queiroz possuía ao tratar do tema em prosa e verso

Migração como escravatura e sorte em Gomes de Amorim
Migração como maturação e miragem em Ferreira de Castro
Migração como maturação e alma dividida em Miguel Torga
Discussão
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