Abstract

Este artigo desenvole uma crítica metodológica e teórica a uma recente produção acadêmica que busca entender, a partir de uma perspectiva neo-marxista, o impacto das agendas e idéias neoliberais sobre as políticas sociais no Brasil. Argumentamos que o assim chamado "pensamento crítico" que se desenvolveu no campo dos estudos de política social, apesar de bastante influente tanto entre alunos quanto professores de pós-graduação, sofre de sérias deficiências analíticas. Primeiro, essa literatura com freqüência se apóia em uma definição excessivamente ampla e imprecisa de neoliberalismo, de pouco ou nenhum poder explicativo. Segundo, nós argumentamos que essas abordagens são incapazes de explicar e interpretar adequadamente o papel de processos cognitivos, valores e idéias na formulação de políticas públicas e, portanto, elas falham em retratar de forma convincente o impacto do neoliberalismo no setor de política social. Terceiro, os critérios empregados para classificar políticas públicas específicas como "neoliberais" são imprecisos e indefinidos, sem qualquer referência a dados empíricos, o que solapa os repetidos argumentos sobre a "hegemonia" do pensamento neoliberal em áreas como educação, saúde e seguridade social. Nós concluímos apresentando, como uma alternativa teórica promissora para a análise de reformas e agendas neoliberais, a literatura recente que trata do papel das idéias e do conhecimento no processo decisório de políticas públicas.

Highlights

  • T his article develops a theoretical and methodological critique of recent scholarly work that seeks to understand, from a Neo-Marxist perspective, the impact of neoliberal agendas and ideas in the field of social policy-making in Brazil

  • We argue that the so-called “critical thinking” that has developed in social policy studies, despite being extremely influential among both graduate students and professors, suffers from serious analytical shortcomings

  • We argue that these approaches are unable to adequately explain and interpret the role of cognitive processes, values and ideas in the policy process and, hence, they fail to present a convincing depiction of the impact of neoliberalism on the social policy sector

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Summary

As Políticas Sociais e o Neoliberalismo

Quando verificamos qualquer referência ao termo neoliberalismo em obras que procuram criticar essa teoria, tais como as coletâneas organizadas por, entre outros, Laurell (1995); Sader (1995); Carcanholo (2002), observamos que estes não têm o trabalho de mostrar sinteticamente o que, de modo estrito, significa tal teoria. Evidentemente que a teoria neoliberal, em sentido geral, tem na afirmação do Estado Mínimo seu principal conceito; entretanto, para se chegar a esse fim, desenvolvem um conceito de justiça social, baseado no indivíduo e no Estado de direito, que longe de ser impreciso, é claro e coerente, concorde-se ou não. Com base no conceito de justiça social, calcada no estado de direito e no indivíduo, existe uma proposição sobre política social que, também, é importante observar para que se verifique que o Estado brasileiro está longe de praticar políticas sociais de cunho neoliberal. Porém, julgamos necessário fazer um esclarecimento acerca das várias abordagens neoliberais, destacando, aí, a teoria da escolha pública que trata da questão fiscal e regulatória dos Estados

Os vários liberalismos e neoliberalismos
Hayek e a crítica ao planejamento econômico e social
Combate a pobreza
Previdência social
Neoliberalismo e Políticas Sociais no Brasil
Considerações Finais
Referências Bibliográficas
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