Ideologia: O muro da escola

Tatiana Cristina Ferreira,Alessandra Adorni,Leda Verdiani Tfouni

doi:10.5212/uniletras.v.32i2.0002

Abstract

The article shows how the subject of the discourse identiﬁ es with the dominant ideology without being aware of it. The reﬂ ection is based on the ﬁ lms “Pro dia nascer feliz” and “Entre les murs”, with an attempt to demonstrate how ideology operates in speech. The concepts of discourse analysis by Pecheux are used under the guidance of a positivist paradigm, in which data is understood as evidence elements of a discursive mode of operation. In both ﬁ lms, it can be observed the cultural and social difference among the characters; this difference materializes discursively and works as an element of division, generating the misunderstanding and friction in the teacher-pupil-school-parents relationship. The teacher is considered a subject with a colonizing role, i.e. one who imposes his/ her culture, knowledge and language on students in order to neutralize the differences producing the effect of a logically stabilized society, where everyone would have a ‘natural’ place

Highlights

A Análise do Discurso pêcheutianaA Análise do Discurso (AD) proposta por Pêcheux possibilita uma investigação inovadora, pois apresenta “uma nova forma de reflexão sobre a linguagem que aceita o desconforto de não ajeitar nas evidências e no lugar já feito” (ORLANDI, 2002, p.7)
Resumo: O artigo mostra como o sujeito do discurso identifica-se com a ideologia dominante sem ter consciência disso
O filme revela as diversidades da desigual sociedade brasileira: na economia, na crença, na geografia, na cultura; realidades ainda não distantes da situação atual do ensino

Summary

A Análise do Discurso pêcheutiana

A Análise do Discurso (AD) proposta por Pêcheux possibilita uma investigação inovadora, pois apresenta “uma nova forma de reflexão sobre a linguagem que aceita o desconforto de não ajeitar nas evidências e no lugar já feito” (ORLANDI, 2002, p.7). Temos assim que o indivíduo não está livre para escolher de forma deliberada, numa determinada situação, o que falar, pois o seu dizer estará sendo afetado por este “já-lá”, que Pêcheux denomina de interdiscurso ou “o todo complexo com dominante das formações discursivas” (1988, p.162). Por meio dele: todo e qualquer dizer tem um caráter inescapavelmente histórico, ou seja, é impossível pensar na linguagem, no sujeito e no sentido fora dessa relação, que caracterizaremos como visceral: condição necessária de constituição e de funcionamento de todo discurso. É isto que confere ao acontecimento de linguagem um caráter repetível, especialmente por sua relação com uma (ou mais) formação discursiva: os dizeres possíveis em determinado momento sócio-histórico. Pode o sujeito, por meio de seu discurso, evidenciar uma identificação com a ideologia dominante, mesmo não pertencendo a essa classe e sem ter consciência disso. Tentaremos mostrar a seguir, por meio da análise dos dois filmes, como os sujeitos são interpelados pela ideologia

A metodologia indiciária

O muro