Abstract

Atualmente, há basicamente três termos mais comuns usados para descrever âmbitos da sexualidade humana, que dão origem aos outros: identidade de gênero, orientação sexual e sexo biológico. A proposta deste artigo é a de que a identidade de gênero possa ser dividida ainda em duas identidades distintas: a identidade (de gênero) social e a identidade (de gênero) erótico-sexual. A identidade de gênero social estaria mais ligada, como o nome diz, às relações no âmbito social, tal como a laboral, política e familiar, podendo incluir a amorosa, e, em geral, se relaciona com a expressão de gênero que é praticada socialmente, ou seja, compõe a performatividade de gênero. A identidade (de gênero) erótico-sexual teria a ver com a identidade do indivíduo durante o ato sexual, em uma relação específica, em geral privativa, de modo que essa identidade pode ser fixa ou mudar conforme o parceiro ou momento de vida da pessoa. Sendo possivelmente flexível – tanto quanto a identidade de gênero social também pode –, a identidade erótico-sexual pode se expressar, por exemplo, através de zonas erógenas que variam conforme a relação que nasce no encontro com o outro e maneirismos, pode ser expressa através de apetrechos e acessórios que serão usados e que ajudem essa identificação a se manifestar, tais como como lingeries e dildos, que compõem a performatividade erótico-sexual. Algumas abordagens reduziriam essa identificação eróticosexual a um fetiche, e não a uma identidade, ao que proponho, então, que essa classificação de fetiche só fará sentido se também passarmos a considerar a identidade de gênero um fetiche (do português “feitiço”, do latim “fictício”).

Highlights

  • There are basically three most common terms used to describe areas of human sexuality that give rise to others: gender identity, sexual orientation and biological sex

  • Vale lembrar que essas divisões em “compartimentos” da maioria dos comportamentos e funcionamentos humanos são meramente didáticas, uma vez que todas elas são sobrepostas e dinâmicas, sem limites ou separações de fato

  • Para os que defendem que o momento erótico-sexual é apenas um momento particular, que não precisa ter uma identidade nomeada, mesmo que seja permanente e diferente da identidade de gênero social vivida, considerando-a apenas um fetiche, sugiro que a identidade de gênero também seja considerada um fetiche.5 Aí as coisas começarão a fazer sentido, já que a origem primária da palavra “fetiche” vem do latim “fictício”, palavra a qual Butler usou para definir o sistema sexo-gênero: Se o gênero é a construção social do sexo e se não existe nenhum acesso a esse ‘sexo’ exceto por meio de sua construção, então parece não apenas que o sexo é absorvido pelo gênero, mas que o ‘sexo’ torna-se algo como uma ficção, talvez uma fantasia, retroativamente instalado em um local pré-lingüístico ao qual não existe nenhum acesso direto

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Summary

Introduction

There are basically three most common terms used to describe areas of human sexuality that give rise to others: gender identity, sexual orientation and biological sex.

Objectives
Results
Conclusion
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