Abstract

Este artigo examina o declínio das grandes narrativas historiográficas norte-americanas, associado ao auge da nova história cultural. A influência da antropologia cultural, com destaque para Clifford Geertz, resultou no privilegiamento da micro-história e no eclipse dos processos de causação e explicação. Ao mesmo tempo, muitos historiadores pós-modernos continuam referendando, ainda que não explicitamente, narrativas eurocêntricas da transição à modernidade. Portanto, as críticas do eurocentrismo - o impulso para "provincializar a Europa" - vêm de duas tendências: a nova história mundial, cujos seguidores estão repensando as grandes narrativas, ainda que utilizem métodos históricos bastante tradicionais; e a teoria pós-colonial, com destaque para Dipesh Chakrabarty. Este autor, um crítico incisivo da historiografia eurocêntrica, não consegue oferecer alternativas justamente por rejeitar toda narrativa "historicista". Em contraste, o historiador da África, Steven Feierman, defende a necessidade de reconstruir grandes narrativas, que propiciem pontos de referência e permitam superar o dilema pós-colonial.

Highlights

  • O presente artigo não tem por finalidade proceder a um levantamento exaustivo da produção da disciplina história na América do Norte que, para fins deste trabalho, inclui historiadores de todas as áreas, até mesmo historiadores de outras partes do mundo radicados na academia norte-americana

  • Tendo em vista os objetivos deste artigo, vou me ater ao meu lado norte-americano e particularmente pretendo discernir posicionamentos recentes, associados ao tema da narrativa, da questão de causas e origens e da condição pós-colonial na produção acadêmica atual

  • O caso da mulher morta é profundamente trágico, e ela merece toda a nossa simpatia—concordo com Chakrabarty e com sua crítica ao relativismo cultural, concordo que “precisamos de valores universais para produzir leituras críticas de injustiças sociais”.43 Ao mesmo tempo, é difícil não ficar bastante incomodada com a maneira do repórter do Times apresentar a questão: segundo o artigo, o debate sobre a legislação para combater esses assassinatos em defesa da honra faz parte de um esforço “para resolver uma questão que está sendo discutida há séculos sobre o lugar da Turquia no mundo: ou na Europa ou no Oriente Médio”.44 Quem poderia duvidar que, nesta frase, a Europa representa “o progresso” e o Oriente Médio, “o atraso”?

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Summary

Introduction

O presente artigo não tem por finalidade proceder a um levantamento exaustivo da produção da disciplina história na América do Norte que, para fins deste trabalho, inclui historiadores de todas as áreas, até mesmo historiadores de outras partes do mundo radicados na academia norte-americana.

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