Abstract

O trabalho que apresentamos baseia-se no pressuposto de que a diferenciação entre gêneros primários e gêneros secundários do discurso ainda constitui um dos pontos pouco esclarecidos entre nós da concepção bakhtiniana concernente aos gêneros do discurso. Temos, como objetivo, apontar para a elucidação dessa teorização a partir de conceituações presentes, por um lado, entre os psicólogos russos Luria (1986), Vigotski (2001) e Elkonin (1998), por outro, na Teoria da Enunciação (CULIOLI, 1997; VOGÜÉ, 1989). Apresentamos, de início, reflexões de alguns autores a respeito da diferenciação traçada pelo filósofo russo. Em seguida, a partir de algumas poucas sugestões presentes em sua obra, apontamos para possíveis esclarecimentos com base nos enfoques sócio-histórico e enunciativo. Esses aportes apontam para fenômenos de plasticidade e hibridização na constituição dos gêneros.

Highlights

  • I understand the differentiation between primary and secondary genres contains elements not completely clear concerning Bakhtine’s conception of discourse genres

  • Compreendemos que ambos os enfoques, o sócio-histórico e o enunciativo, contribuem para que se possam vislumbrar com mais clareza os fenômenos de hibridização e de plasticidade presentes na constituição dos gêneros do discurso

  • Por um lado, em função de sua aparição relativamente mais tardia, em circunstâncias de uma comunicação cultural tida como “mais complexa e relativamente mais evoluída, principalmente escrita: artística, científica, sociopolítica”; por outro, pelo fato de que, durante o processo de sua formação, absorvem e transmutam os gêneros primários de todas as espécies

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Summary

Os gêneros do discurso na obra de Mikhail Bakhtin

É no capítulo “Os gêneros do discurso” que Bakhtin (1997) pondera a respeito da importância teórica que reside na distinção entre os gêneros primários e secundários do discurso. Por um lado, em função de sua aparição relativamente mais tardia, em circunstâncias de uma comunicação cultural tida como “mais complexa e relativamente mais evoluída, principalmente escrita: artística, científica, sociopolítica”; por outro, pelo fato de que, durante o processo de sua formação, absorvem e transmutam os gêneros primários de todas as espécies. É digno de nota o trecho “a inter-relação entre os gêneros primários e secundários de um lado, o processo histórico de formação dos gêneros secundários de outro, eis o que esclarece a natureza do enunciado (e, acima de tudo, o difícil problema da MARTINS — Hibridismo e plasticidade na constituição dos gêneros do discurso correlação entre língua, ideologias e visões do mundo)”, que aponta para a relação entre língua e ideologia, lembrando-se que, para o autor, devemos levar em consideração a ideologia do cotidiano, assim como a ideologia em sentido estrito, ou seja, aquela das instituições, presente na própria constituição dos gêneros secundários do discurso. Seria, também, simplista — assim nos parece — a identificação dos gêneros primários com a esfera da ideologia do cotidiano e dos gêneros secundários com a esfera da ideologia das superestruturas, mesmo porque essas esferas estão em estado constante de inter-relação e de influência recíproca

A reflexão de alguns autores a respeito da diferenciação dos gêneros
A evolução do significado entre os psicólogos russos
Elkonin e a ênfase para os papéis sociais
A dialética entre conceitos espontâneos e conceitos científicos
Contribuições da Teoria da Enunciação
O desdobramento de formas linguísticas e as prol iferações
ALGUMAS CONCLUSÕES PROVISÓRIAS
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