Abstract
Resumo O artigo traz reflexão teórica sobre a herança familiar na política influindo nos resultados eleitorais ainda hoje, resultado de simbiose que envolve cultura do favor, marketing político e poder econômico. Condição que sugere atualização de nossas raízes coloniais patrimonialistas e registro do inconcluso processo de modernização burguesa. O objetivo da reflexão é contribuir com pistas para se compreender a crise institucional e política que provocou a perda do mandato presidencial de Dilma Rousseff em 2016 através de golpe parlamentar, midiático e jurídico. A análise pauta-se em estudo bibliográfico no contexto de pesquisa particular sobre clãs políticos familiares do Ceará. Ao considerar outros estudos sobre o Brasil, pôde-se constatar a abrangência da influência familiar em diferentes esferas do poder político. Nesses termos, conclui-se sobre a frágil democracia brasileira que é acentuada por novo ciclo neoliberal e perspectivas de perdas de direitos sociais e trabalhistas.
Highlights
This article presents theoretical reflections on the influence of political family clans in electoral results until today, which is the result of a symbiosis that involves the culture of favor, political marketing and economic power
This condition suggests a revision of our colonial roots and a register of the incomplete nature of the bourgeois modernization process
The objective of the reflection is to help understand the institutional and political crisis that provoked the loss of the presidential mandate of Dilma Rousseff in 2016 through a parliamentary, media and legal coup
Summary
No Brasil a herança familiar é fundante da política, definindo a composição do poder governamental e parlamentar em suas várias instâncias. A força da herança familiar persistindo nos processos eleitorais provoca discussão sobre o caráter e os limites da democracia brasileira, reflexão necessária em meio ao cenário de crise política e institucional em curso desde os primeiros episódios que envolveram a perda de mandato da Presidenta Dilma Rousseff. A essa desigualdade se acresce o capital político construído por famílias que formam verdadeiros clãs políticos e cujo poder decorre da importância econômica que tem em suas regiões e o longínquo controle das máquinas administrativas, em geral resultante de formas tradicionais de fazer política: clientelismo e compra de votos, influência direta e coercitiva sobre o eleitor, personalismo. Essa prática do favor se realiza também entre políticos e agentes do capital por meio de acordos espúrios nos processos de licitação dos contratos governamentais; com beneficiamento de emendas parlamentares e legislações específicas para determinadores setores, dentre outros tantos mecanismos. Aprisionam-se os mandatos parlamentares ou o poder executivo pela própria dependência de grandes recursos para viabilizar a conquista eleitoral
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