Abstract

Em Grande Sertão: Veredas (1962), o narrador Riobaldo alude a um interlocutor que escuta sua narração. Em Nove Noites (2002), de Bernardo Carvalho, um dos narradores, Manoel Perna, realiza um procedimento semelhante ao endereçar sua narração a um interlocutor que não conhecemos igualmente. Assim, há um ponto de contato entre a narração de ambos os romances do qual advém a formação da identidade individual pelo contato com a alheia. Neste artigo discutiremos este ponto de contato a partir do ‘ponto de sutura’, de Stuart Hall, e apresentaremos os efeitos depreendidos dessas interlocuções a partir de uma base teórica narratológica.

Highlights

  • 10 “I use ‘identity’ to refer to the meeting point, the point of suture, between on the one hand the discourses and practices which attempt to ‘interpellate’, speak to us or hail us into place as the social subjects of particular discourses, and on the other hand, the processes which produce subjectivities, which construct us as subjects which can be ‘spoken’”

  • In Grande Sertão: Veredas (1962), the narrator Riobaldo alludes to an interlocutor that listen his history

  • In Nove Noites (2002), written by Bernardo Carvalho, one of the narrators, Manoel Perna, achieves a similar procedure because he directs his narration for an interlocutor who we do not know as well

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Summary

Introdução

O homem é o eu que ainda não encontrou um tu (ROSA, 2009, p. 54). Ser ou não ser. A interlocução é intrigante pelo fato de Manoel Perna dirigir-se a um destinatário – um interlocutor apagado - que supostamente viria em busca do testamento. O primeiro destes termos é responsável por um movimento narrativo que dá conta de trazer memórias à tona, não como os acontecimentos do passado, mas reinterpretando-os. Tanto Riobaldo, quanto os narradores de NN – em que merece destaque Manoel Perna – são ‘eus’ que buscam ‘tus’ para o estabelecimento/ consolidação de suas identidades, tal qual a primeira epígrafe deste artigo sugere. Da interlocução entre Riobaldo/ “doutor” (sendo que este último não possui voz em GSV) e entre Manoel Perna/ “leitor”, há dois movimentos: 1o Há contato entre duas culturas que parecem embater-se, chocar-se. Apresentamos uma análise comparada que tratará da ênfase à interlocução nos romances como sintomático da construção da identidade identitária dos narradores Ou podemos dizer pelo contato? Em seguida, apresentamos uma análise comparada que tratará da ênfase à interlocução nos romances como sintomático da construção da identidade identitária dos narradores

Narrador e narratário: A formação da identidade
Considerações Finais
A partir daqui nos referimos a Grande Sertão
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