Abstract

No Brasil, a sub-representação de mulheres em cargos eletivos aponta para uma democracia não consolidada. Os 17% de representação feminina na Câmara Federal retratam as dificuldades do Estado brasileiro de elevar os patamares de presença feminina, mesmo considerando a política de cotas. Tais dificuldades se explicam na cultura patriarcal que perpassa as organizações sociais e instituições políticas, entre as quais os partidos e sindicatos. Ao comparar o Brasil com outras nações latino-americanas, observa-se que países como Argentina, Bolívia e Costa Rica alcançaram patamares semelhantes aos europeus. O recente impeachment que resultou na destituição de Dilma Rousseff da presidência do país evidencia que no Brasil, o conservadorismo, o patriarcado e a misoginia são perpetuados nas relações políticas, sustentados pela mídia, setores do judiciário e pelas bancadas fundamentalistas do Congresso. Esses fatos têm contribuído para acirrar mais ainda as desigualdades de gênero e classe. Este texto apresenta reflexões construídas a partir de estudos e pesquisas desenvolvidas nas duas últimas décadas (2010, 2015, 2019), enriquecidas por diálogos com diversos autores que denotam que a cultura patriarcal tem sido um dos fatores que mais incide sobre a violência política que interdita as mulheres de ter uma presença mais efetiva nos espaços de poder e decisão. Os resultados eleitorais apresentados denotam essa assertiva que se afirma na desvalorização das mulheres e na superioridade masculina.

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