Abstract

O presente artigo propõe abordar algumas reflexões e tensões sobre a relação entre gestão democrática escolar e a produção de micropolíticas. Para isso relata aspectos observados em uma escola pública da rede municipal do Rio de Janeiro e traça alguns deslocamentos sobre o “conceito de gestão democrática”, baseando-se no ciclo de políticas de Ball e Bowe (1992). O intuito é ecoar como os arranjos políticos e o funcionamento das micropolíticas fazem emergir arenas de disputas internas e até mesmo a ambivalência da noção de gestão democrática. Trazer a escola para este texto ajuda-nos a pensar sobre diferentes aspectos da micropolítica no contexto da prática: o funcionamento das disputas políticas que constituem o processo de gestão na unidade escolar, dos quais emergem negociações e conflitos, evidenciando não só as relações de poder em que se dão.

Highlights

  • Ambivalence of the notion of democratic management. Bringing school to this text helps us to think about different aspects of micropolitics in the context of practice, namely: the functioning of the political disputes that constitute the management process in the school unit, from which negotiations and conflicts emerge, evidencing the relations of power in which they occur

  • Observando as variáveis do quadro índice de liderança do diretor e por meio do depoimento de duas professoras que atuam na unidade escolar (UE) visitada, percebemos que as gestoras em análise não apresentam significativas preocupações com a variável que apresenta a maior carga fatorial (“o diretor me anima e me motiva para o trabalho”)

  • Propomos também o deslocamento da ideia de que a escola se configura como “mero destinatário de políticas”, sendo também produtora de micropolíticas, já que a atuação dos considerados “receptores” pode ressignificar o texto da política, como também produzir outro texto no contexto da prática – como é possível notar com relação à tradução dos princípios da gestão democrática contidos na LDBEN, da constituição e do funcionamento dos espaços decisórios na unidade escolar visitada

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Summary

Introdução

O presente artigo propõe participar do debate sobre gestão democrática escolar, oferecendo algumas questões que podem contribuir para deslocar a atenção para outros pontos dessa ampla discussão baseada na problematização do cumprimento do artigo 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996), sobre o qual têm sido produzidas políticas públicas como forma de responder, por exemplo, ao Plano Nacional de Educação (PNE) em sua Meta 19. Ao trazer ao debate os arranjos políticos de uma escola, delineia-se um pouco do funcionamento de suas micropolíticas, emergindo a potência produtiva das disputas internas, bem como os limites e ambivalências da noção de “gestão democrática” – aqui entre aspas por. Trazer a escola para este texto ajuda-nos a pensar sobre diferentes aspectos da micropolítica, como o funcionamento das disputas políticas que constituem o processo de gestão na unidade escolar, do qual emergem negociações e conflitos, evidenciando não só as relações de poder em que se dão. Entendemos que não há cristalizações na dinâmica do poder, mas que esse terceiro espaço (BHABHA, 2013) é permeado pela ambivalência da negociação, o que nos leva à amplificação do debate da “gestão democrática”

Aspectos metodológicos: a escola
Considerações finais
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