Abstract

Obra significativa da literatura brasileira, “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar, é um drama trágico acerca da <em>hýbris</em> de André, o protagonista, à ordem familiar campesina e suas imposições. Pela interpretação geográfica pautada na perspectiva humanista, em particular na fenomenologia existencialista, o texto realiza uma leitura hermenêutica da obra visando desvelar a dialética sujeito-lugar. Explora os desdobramentos das tensões existenciais do lugar de André por meio dos dois momentos da obra: “A partida” e “O retorno”. No decurso do rompimento e arquitetura de vínculos, a tensão se torna um modo de existir no lugar, a ocasionar no extremo do pathos paterno que desconstitui a ordem familiar.

Highlights

  • Lavoura Arcaica (NASSAR, 1989), publicado originalmente em 1975, é uma das principais obras da língua portuguesa do século XX1

  • É possível evidenciar a maneira pela qual existem temporalidades projetadas na lógica da lavoura quando André decifra os locais que cada um se sentava à mesa para as refeições: Eram esses os nossos lugares à mesa na hora das refeições, ou na hora dos sermões: o pai à cabeceira; à sua direita, por ordem de idade, vinha primeiro Pedro, seguido de Rosa, Zuleika, e Huda; à sua esquerda, vinha a mãe, em seguida eu, Ana, e Lula, o caçula

  • No fértil diálogo de uma Geografia literária, consubstanciou-se compreensões acerca do lugar na Lavoura Arcaica

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Summary

Apontamentos Iniciais

Lavoura Arcaica (NASSAR, 1989), publicado originalmente em 1975, é uma das principais obras da língua portuguesa do século XX1. A hýbris do protagonista oferece uma perspectiva de existência no lugar a partir das tensões que dele e nele se desdobram. A interpretação geográfica possibilita a compreensão da dialética sujeito-lugar a partir das relações entre os personagens e a lavoura. Os meandros da geografia contemporânea evidenciam que o diálogo fértil com a literatura, para além de leituras regionalistas, pode oferecer perspectivas ricas acerca das espacialidades das narrativas das obras (MARANDOLA JR.; GRATÃO, 2010). Busca-se, tal qual propõe Almeida (2010), substanciar uma Geografia literária, que intenta ler hermeneuticamente o texto literário a partir das categorias e conceitos da Geografia. Por meio da geografia humanista, de embasamento particular na fenomenologia existencialista de Merleau-Ponty e em contato com perspectivas pós-coloniais contemporâneas, intenta-se dialogar com a literatura para enriquecer a discussão acerca do conceito de lugar. Foi realizada imersão na obra em estudo e correlação com bibliografia concernente

André entre a Lavoura e a Partida
O Retorno na condição de ruptura no lugar
Considerações Finais
Responsável pelos seguintes títulos

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