Abstract
A etnografia com crianças gera permanentemente dilemas ético-metodológicos que exigem do(a) pesquisador(a) uma postura de reflexividade metodológica acerca dos acontecimentos experimentados e negociados no trabalho de campo. Focalizando a construção de relações com crianças entre 6 e 10 anos nos espaços públicos abertos de uma comunidade piscatória do norte de Portugal, refletem-se neste texto processos de ganhar acesso aos seus mundos culturais e dilemas emergentes em torno da confiabilidade, a propósito: i) da identidade da etnógrafa; ii) dos limites e consequências das confianças tecidas entre as crianças e a etnógrafa. Compreende-se que tais dilemas são agudizados no contexto em que a etnografia acontece, no sentido em que incorporam algumas das complexidades sociais que afetam as experiências da infância nas sociedades ocidentais contemporâneas, interpretadas como “sociedades de risco”.
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