Abstract

No presente estudo, investigamos o consumo de frutos e viabilidade de sementes consumidas pelo marsupial Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) em quatro áreas de cerradão do Brasil central. Análises fecais indicaram que este mamífero se alimenta de plantas pioneiras da família Melastomataceae (Miconia albicans (Sw.) Triana, M. cuspidata Naudin, M. ferruginata DC., M. pepericarpa DC., M. pohliana Cogn. e Ossaea congestiflora (Naudin) Cogn.), Solanaceae (uma espécie não identificada) e Viscaceae (Phoradendron perrottetii (DC.) Eichler, erva-de-passarinho). Detectamos o maior índice de consumo de frutos já registrado para o gênero Gracilinanus, com cerca de 45% das fezes contendo sementes e 86% contendo itens derivados de frutos (N=422). Com exceção de O. congestiflora, o restante das sementes das espécies testadas não sofreram efeitos negativos na germinabilidade ao passarem pelo trato digestório deste marsupial. A avaliação da variação intraspecífica no número de sementes encontradas nas fezes indicou que fêmeas de G. agilis defecam maior quantidade de sementes de Miconia (média±EP = 21,7±3,8) em comparação com os machos (14,4±3,0) (F=26,32; P<0,0001). O fator estação do ano também foi significativo (F=452,22; P<0,0001) e existiu interação entre sexo e estação do ano (F=30,10; P<0,0001). Tanto fêmeas como machos aumentaram o consumo de frutos com sementes na época seca, contudo fêmeas apresentaram mais sementes nas fezes do que machos na estação chuvosa. Nessa estação, observamos um maior número de sementes de espécies de Miconia defecadas por fêmeas reprodutivas (24,7±6,6) em relação a fêmeas não reprodutivas (12,9±2,8) (P=0,031). Nossos dados indicaram que G. agilis selecionou positivamente espécies da família Melastomataceae, sugerindo um papel relevante dessas plantas na dieta desse marsupial, relacionado ao suprimento da demanda energética e de água, principalmente na época seca.

Highlights

  • ABSTRACT (Frugivory and potential seed dispersal by the marsupial Gracilinanus agilis (Didelphidae: Didelphimorphia) in areas of Cerrado in central Brazil)

  • Embora didelfídeos tendam a se alimentar mais frequentemente de frutos carnosos e com sementes de pequeno porte (Medellín 1994, Cáceres & Monteiro-Filho 2007; Lessa & Costa 2009), optamos por não selecionar a priori nenhuma espécie ou família de planta para a contagem de frutos disponíveis no ambiente, realizando uma contagem geral de todos os frutos avistados

  • Adicionalmente, como forma de obter uma coleção de referência, os frutos de cada fragmento foram coletados e as sementes devidamente limpas, identificadas e acondicionadas em potes

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Summary

Espécie estudada

G. agilis possui uma distribuição geográfica que se estende desde a fronteira do Panamá com a Colômbia até o nordeste, centro-oeste e sudeste do Brasil, com a necessidade de confirmação para esta espécie nos estados do Paraná e Rio Grande do Sul (Rossi et al 2006). Este marsupial de pequeno porte apresenta massa corporal entre 20 e 30 g e comprimento de cabeça-corpo entre 90 e 106 mm (Emmons & Feer 1990). G. agilis apresenta hábitos noturnos (Emmons & Feer 1990) e possui cauda preênsil (Rossi et al 2006), adaptação típica de animais que utilizam estratos arbóreos (Rose 1987). Esse didelfídeo está associado geralmente a formações florestais típicas do Cerrado, tais como mata de galeria e cerradão, podendo ser capturado ocasionalmente em cerrado senso estrito e campo úmido (Emmons & Feer 1990; Rossi et al 2006). A reprodução é extremamente marcada (Mares & Ernest 1995), acontecendo nas épocas de maior pluviosidade (Mares & Ernest 1995; Rossi et al 2006)

Área de estudo
Métodos de captura
Coleta de fezes
Disponibilidade de frutos
Análises Estatísticas
Solanaceae Viscaceae
Sementes testadas
Variação intraespecífica no consumo de frutos
Phoradendron perrottetii
Seleção de frutos
Findings
Referências Bibliográficas
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