Abstract

Neste artigo, proponho a análise de alguns momentos da produção de Foucault nos quais se expressa uma forma de direcionamento da reflexão sobre a verdade para as relações entre elementos homogêneos ou heterogêneos nela implicados. Tal direcionamento aponta para o desenvolvimento de uma política da verdade que, no entanto, está presente já na produção do período arqueológico. Num primeiro momento, exponho os termos de uma viragem no contexto de formação do método arqueológico, bem como a dispersão dos ditos “operadores de síntese” em “regularidades discursivas”. Tais questões, de um lado, tornam visível a complexa trama da “política enunciativa” intrínseca aos discursos, mas, de outro, resultam em embaraços inerentes ao esforço arqueológico, movimento que se repete na recusa do modelo jurídico-discursivo por parte da Genealogia do Poder. Passo, então, ao exame dessa repetição, expondo em que sentido o poder, compreendido antes como relação que como propriedade, repete o direcionamento da questão para a exterioridade e as regularidades das práticas discursivas. Por fim, exponho algumas considerações sobre o campo moral das relações empreendidas pelo sujeito consigo mesmo na ética do cuidado de si, que passa ao largo do modelo da interdição no cerne da problematização moral. Todos esses movimentos são expressivos de uma história do presente cuja forma de deslocamento da verdade revela seu potencial crítico e seu alcance, mas também certos embaraços e dificuldades.

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