Abstract
A creche no Brasil vem sendo modificada de seu projeto original de guarda de crianças da classe pobre para o reconhecimento de uma instituição social com objetivos educacionais, o que possibilita condições para a inserção e manutenção da mulher-mãe no mercado de trabalho. O objetivo desta pesquisa foi identificar os motivos e sentimentos de mães, provenientes de dois níveis socioeconômicos distintos, que deixam seus filhos em creche. Participaram 67 mães que deixam seu filho em creches, as quais responderam a um questionário com perguntas abertas e fechadas elaborado para esta pesquisa. Os dados revelam que mães de maior nível socioeconômico têm grande expectativa em relação à gravidez mas preferem desenvolver, paralelamente à maternidade, sua carreira profissional. A maioria das mães de menor nível socioeconômico não planejaram a gravidez e afirmam que prefeririam ficar em casa a deixar os filhos em creche, alegando que “os cuidados da mãe são os melhores para o filho”. Nota-se que, por um lado, a decisão (ou necessidade) em deixar o filho em creche traz conseqüências positivas como realização profissional e/ou remuneração financeira e mesmo maior socialização da criança. Por outro lado, o cuidado do filho por terceiros ainda é percebido como inadequado sendo que esta situação provoca sentimentos de medo e insegurança para a maioria das entrevistadas. No entanto, o sentimento de culpa aparece mais fortemente associado às mães de nível socioeconômico elevado, apesar de reconhecerem as qualidades socializadoras da creche. Para as mães de nível socioeconômico desfavorecido, trabalhar é uma questão de sobrevivência e não de escolha e, portanto, não gera tantos sentimentos de culpa.
Highlights
Ao longo da história, os cuidados infantis vêm acompanhando o viver cotidiano das mulheres como algo inerente ao seu papel social
Os dados mostram que 22% das mães com maior nível de escolaridade afirmaram sentir culpa em relação ao fato de deixar seus filhos em berçários ou maternais
A História tem demonstrado as inúmeras mudanças ocorridas no comportamento e nos valores da humanidade e estes são determinantes na construção das sociedades e dos repertórios comportamentais individuais
Summary
A creche no Brasil vem sendo modificada de seu projeto original de guarda de crianças da classe pobre para o reconhecimento de uma instituição social com objetivos educacionais, o que possibilita condições para a inserção e manutenção da mulher-mãe no mercado de trabalho. O objetivo desta pesquisa foi identificar os motivos e sentimentos de mães, provenientes de dois níveis socioeconômicos distintos, que deixam seus filhos em creche. Participaram 67 mães que deixam seu filho em creches, as quais responderam a um questionário com perguntas abertas e fechadas elaborado para esta pesquisa. A maioria das mães de menor nível socioeconômico não planejou a gravidez e afirma que prefeririam ficar em casa a deixar os filhos em creche, alegando que “os cuidados da mãe são os melhores para o filho”. Nota-se que, por um lado, a decisão (ou necessidade) em deixar o filho em creche traz conseqüências positivas como realização profissional e/ou remuneração financeira e mesmo maior socialização da criança. O cuidado do filho por terceiros ainda é percebido como inadequado, sendo que esta situação provoca sentimentos de medo e insegurança para a maioria das entrevistadas. Psicologia Argumento, Curitiba, v. 24, n. 44 p. 45-54, jan./mar. 2006
Talk to us
Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have
Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.