Abstract

Não é desconhecido, se não a paixão, mas o culto da cidade, da vida urbana pré-moderna – em Cesário Verde – e já modernista – em Fernando Pessoa. “Num bairro moderno”, Cesário Verde, ao pintar os “transparentes” que matizam não só as casas, a natureza à sua volta, mas também as pessoas, tem um súbito insight: “que visão de artista! / Se eu transformasse os simples vegetais (...)/ Num ser humano que se mova e exista...” Pessoa-Caeiro, em “O guardador de rebanhos”, parece oprimir-se “Na cidade [em que ] as grandes casas fecham a vista à chave, / Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu, / Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar, / E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver.” O clima que deixa Verde em seu poema – e, parece, naqueles todos em que a cidade é sua protagonista maior – é, sob seu olhar, só deslumbramento. Seria para Alberto Caeiro a cidade também deslumbramento ou seria onde nossos olhos são empurrados “para longe de todo o céu”? Pretendo, com esses dois poemas, estudar o olhar de Cesário e de Pessoa-Caeiro sobre a cidade.

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