Abstract

Fundamentado nos estudos de gênero e na teorização queer, este texto analisa a inserção de Fallon Fox como atleta profissional do Mixed Martial Arts, mais especificamente, a luta contra Allanna Jones nas semifinais do Championship Fighting Alliance. Para tanto, analisa 510 comentários postados em três artefatos culturais específicos de lutas, buscando apreender os discursos que seus usuários produziram sobre a participação de uma atleta transgênero. Da análise dos dados empíricos, foi possível identificar que os argumentos utilizados para justificar o caráter impróprio da disputa estavam assentados em duas perspectivas: a utilização de discursos jurídicos e médicos para atestar a vantagem de Fallon Fox sobre sua oponente e a transfobia, entendida como a aversão ou repulsa a pessoas trans.

Highlights

  • Resumo: Fundamentado nos estudos de gênero e na teorização queer, este texto analisa a inserção de Fallon Fox como atleta profissional do Mixed Martial Arts, mais especificamente, a luta contra Allanna Jones nas semifinais do Championship Fighting Alliance

  • Além das discussões de ordem biológica, o corpo queer de Fallon Fox, ao romper com a linearidade entre sexo, gênero e sexualidade7, possibilitou a visibilidade de outros contornos à representação dominante de feminilidade, o que, por sua vez, contribuiu para revelar a potência do discurso heteronormativo8 no campo esportivo e fora dele

  • Não é sem razão que os argumentos trazidos pelos usuários instituem o corpo e a identidade de Fallon Fox como desviante, cuja verdade somente poderá ser dita ou anunciada pela medicina, por seus saberes e poderes

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Summary

Introdução

Identificado como uma prática esportiva caracterizada pelo emprego de técnicas oriundas de diversas artes marciais e de esportes de combate, o MMA (Mixed Martial Arts ou Artes Marciais Mistas) tem conquistado um espaço privilegiado no universo cultural das lutas, sobretudo a partir de sua ampla divulgação na mídia esportiva, promovida, em grande medida, pelo Ultimate Fighting Championship (UFC), a maior organização de MMA do mundo. Em que pese a potente produção midiática em torno do MMA, o ano de 2013 foi palco de um acontecimento bastante significativo para esse esporte, inclusive com o objetivo de ampliar o rol de consumidores: o Ultimate Fighting Championship (UFC) promoveu sua primeira luta entre mulheres, realizada no dia 23 de fevereiro, em Los Angeles, ocasião em que as americanas Ronda Rousey e Liz Carmouche disputaram o Cinturão do Peso Galo. Apesar de essa luta não ser propriamente uma novidade nas disputas de MMA, sua oficialização e ampla divulgação contribuiu para que as mulheres tivessem maior visibilidade e reconhecimento nesse esporte. Ainda que a oficialização das mulheres tenha demarcado uma importante conquista para as atletas no MMA, o ano de 2013 reservou outra novidade: a luta entre a atleta transexual Fallon Fox e Allanna Jones no dia 24 de março, nas semifinais do Championship Fighting Alliance. Da observação dos dados empíricos, emergiram duas categorias de análise: o discurso biomédico, o qual é tomado para explicar o funcionamento do corpo humano e assim justificar o caráter impróprio dessa luta, e a transfobia, entendida como a aversão ou discriminação contra pessoas trans (transgêneros, transexuais e travestis)

Diálogos com o octógono: a Rainha de Espadas6
Os caminhos investigativos
Considerações finais
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