Abstract
‘Fado da Censura’ é um poema não datado de Fernando Pessoa ortónimo que, pelo estilo e temática, pertence à derradeira fase da sua vida, num momento em que o poeta se vê em rota de colisão com a ideologia emergente do golpe militar de 1926, que implanta no país um regime ditatorial. O curioso deste texto pessoano, para além da temática de sátira política que o título denuncia, consiste em ser o único poema, que Pessoa nos legou, composto no formato de décimas, da tradição poética popular (as décimas integram uma quadra de mote, seguida de quarenta versos heptassilábicos, distribuídos por quatro estrofes de dez versos, cada uma delas terminando, em sequência, com um dos versos da quadra inicial) e que se assume, além do mais, como letra concebida para ser cantada em melodias do fado tradicional lisboeta. Importa analisar neste poema, tão deveras singular do corpus pessoano, o cruzamento entre a criação literária - inspirada nas formas da tradição popular de transmissão oral - e a expressão musical do canto como intervenção política, que faz parte do historial do fado, em especial desde o final de oitocentos às primeiras duas décadas do século XX.
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