Abstract
O objetivo deste artigo consiste em realizar uma breve sinopse histórico-filosófica, visando a situar o status quaestionis da relação entre fé e razão nos primeiros séculos da era cristã. Em face do imperativo crítico da filosofia, a inteligência cristã procurou comunicar os conteúdos da fé, partindo das exigências epistêmicas da cultura greco-romana. Nesse sentido, pretende-se aludir aos aspectos fundamentais da inteligência da fé cristã em Justino Mártir, Clemente de Alexandria, Orígenes e Tertuliano. Contudo, este itinerário não almeja esgotar a profundidade da questão. O método proposto neste labor acadêmico será o da revisão bibliográfica. As considerações desenvolvidas nesta pesquisa, no entanto, situam-se na perspectiva de que a fé cristã não se furta ao exercício de reflexão crítica ante às exigências filosóficas.
Highlights
This paper aims to do a brief historical-philosophical synopsis, aiming to postulate the status quaestionis of the relationship between faith and reason in the first centuries of the Christian era
In view of the critical imperative of philosophy, Christian intelligence sought to communicate the contents of faith from the epistemic demands of Greco-Roman culture
It is intended to approach the fundamental aspects of the intelligence of Christian faith in Justin Martyr, Clement of Alexandria, Origen and Tertullian
Summary
A relação fé e razão tornou-se uma questão controversa na tradição filosófica ocidental. Constituída em ambientes fronteiriços da filosofia ocidental, remonta às origens do cristianismo. Diante do imperativo crítico da filosofia, o cristianismo empenhou-se em desenvolver uma habilidade de conciliação entre sua mensagem de fé e a racionalidade filosófica presente no mundo helenístico. Após os encontros polêmicos iniciais com a tradição judaica, a mensagem cristã se voltou, posteriormente, para os desafios de uma mentalidade mais abstrata e especulativa do que a daquele universo. Fílon de Alexandria, notável pensador judeu, pôs em curso, por volta de 25-50 d.C.2, uma inextricável relação entre judaísmo e reflexão filosófica. Considerado por Eusébio de Cesaréia como “grandiloquente, largo em seus conceitos, elevado e sublime na contemplação das divinas Escrituras”[4], Fílon foi uma figura que exerceu profunda influência no cristianismo
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