Exposição ocupacional aos agrotóxicos da classe dos fungicidas em uma população de viticultores

Abstract

A exposição crônica aos agrotóxicos pode levar ao desenvolvimento de doenças, e a escassez de informações sobre manifestações clínicas na exposição a longo prazo é uma preocupação atual. Este trabalho teve como objetivo analisar o uso crônico de agrotóxicos da classe dos fungicidas por viticultores de um município do Paraná, região sul do Brasil. Foram entrevistados 192 agricultores familiares, que residiam em 66 propriedades, com instrumentos desenvolvidos segundo o protocolo de avaliação das intoxicações crônicas por agrotóxicos da Secretaria de Estado da Saúde do Paraná. Entre os participantes, 45,8% trabalhava há mais de 20 anos na viticultura, utilizando continuamente os fungicidas e apenas 6,8% relatou uso de todos os equipamentos de proteção recomendados para a aplicação dos agrotóxicos. Foram relatados sintomas como irritação cutânea pruriginosa (20,5%) e tremores (12,1%) que podem estar associados a exposição crônica aos fungicidas ditiocarbamatos. A população agricultora familiar carece de assistência à saúde, fato relatado também pela população estudada, evidenciando falhas no serviço de atenção e a necessidade de novas estratégias e tecnologias de acesso a esse grupo.