Abstract
Nos últimos anos, a nova Ciência das Cidades se estabeleceu como uma abordagem quantitativa fértil para o entendimento dos fenômenos urbanos. Um de seus pilares é a proposição de que os sistemas urbanos apresentam comportamentos universais de escala de variáveis socioeconômicas, de infraestrutura e de serviços básicos individuais. Este artigo discute até onde essa proposição é realmente universal, testando-a frente a uma ampla variedade de métricas urbanas de um país em desenvolvimento. Apresentamos uma exploração dos expoentes de escala(mento) de mais de 60 variáveis do sistema urbano brasileiro. A estimação dos expoentes é um desafio técnico, dado que a definição de "município" no Brasil segue critérios políticos e não considera as características da paisagem, a densidade e os serviços domiciliares básicos. Considerando que os municípios brasileiros podem não ser iguais ao que se entende por assentamento urbanizado, selecionamos os mais assemelhados a "cidades" através de um procedimento sistemático de corte da densidade e estimamos os expoentes desse subconjunto. Para validar nossos achados, comparamos nossos resultados para as mesmas variáveis com outros estudos baseados em métodos alternativos. Os resultados mostram que as variáveis socioeconômicas analisadas seguem uma relação de escala superlinear com a população das cidades, enquanto a maioria das variáveis de infraestrutura e de serviços básicos domiciliares seguem os esperados regimes sublinear e linear, respectivamente. No entanto, algumas delas fogem dos regimes esperados, botando em dúvida a hipótese universal do escalamento urbano / leis de escala. Nossa conclusão é de que esses desvios são produto de decisões e políticas impostas "de cima para baixo". Mesmo que nossa análise abranja um período de apenas 10 anos e, portanto, não seja suficiente para permitir conclusões definitivas, há indícios de que os expoentes de escala dessas variáveis estão evoluindo e que os desvios podem ser apenas comportamentos restritos no tempo que não impedem os sistemas urbanos de atingir o regime esperado em algum momento futuro.
Highlights
We present an exploration of the scaling exponents for over 60 variables for the Brazilian urban system
We propose that these deviations are a product of top-down decisions/policies
Our analysis spreads over a time-range of 10 years, what is not enough to draw conclusive observations, nevertheless we found hints that the scaling exponent of these variables are evolving towards the expected scaling regime, indicating that the deviations might be temporally constrained and that the urban systems might eventually reach the expected scaling regime
Summary
Atualmente mais da metade da população mundial vive em cidades (Habitat U.N., 2016), proporção que deve crescer nos próximos anos. Como esses resultados foram obtidos em diferentes países e em distintos anos, eles têm sido propostos como propriedades universais das cidades (Bettencourt, 2013; GomezLievano et al, 2016; Bettencourt et al, 2007; Ortman et al, 2014; Strano e Sood, 2016; Bettencourt et al, 2013; Gomez-Lievano et al, 2012; Louf et al, 2014; Ribeiro et al, 2017; Bettencourt e Lobo, 2016; Bettencourt e West, 2010; Kuhnert et al, 2006), o que significa que as leis de escala se sustentam em todo e qualquer sistema urbano, independentemente de sua cultura, nível tecnológico, políticas, geografia e etc. Ainda é necessário testar a hipótese com uma maior variedade de cidades ao redor do mundo, bem como para conjuntos mais completos e representativos de indicadores urbanos, pois a maioria das evidências publicadas vêm de países desenvolvidos e se referem a poucas variáveis como PIB, área, rede viária e patentes registradas. Também pretendemos investigar sob quais condições os sistemas se afastam dos regimes de escala esperados, e se tais desvios são efêmeros ou duradouros
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