Abstract
O presente texto procura traçar um panorama dos estudos sobre o eufemismo, desde sua abordagem mais tradicional em gramáticas até chegar em perspectivas linguísticas que abordem seu funcionamento discursivo. Para isso, mostra-se a necessidade de tratar de temas como tabus/interdições e sua representação verbal, o disfemismo. Por conta dessa dupla abordagem, também se argumenta que ele é um fenômeno relevante para a compreensão de questões como (im)polidez e agressão verbal, além da linguagem politicamente correta. Como um mecanismo que se encontra relacionado com a questão das interdições sociais, seu estudo pode contribuir para a compreensão da relação entre língua e cultura a partir de perspectivas que descrevam seu funcionamento linguístico-discursivo nas atividades significantes dos sujeitos.
Highlights
This text aims at drawing a panorama of studies about euphemism, from a more traditional approach found in grammars to linguistic perspectives that deal with its discursive functioning
Trouxemos um breve apanhado de pesquisas que tematizam fenômenos linguísticodiscursivos bastante relevantes na discussão sobre língua e cultura, a saber, a violência, a polidez e acortesia verbais e, de forma mais destacada neste artigo, a linguagem politicamente correta
Professora adjunta de Português como língua adicional na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pelotas, RS, Brasil
Summary
Inicialmente, podemos destacar uma abordagem que caracteriza o eufemismo como uma figura de linguagem. Inicialmente, apresentamos os resultados de uma pesquisa sobre figuras de linguagem ou tropos e a classificação dos eufemismos, utilizando os autores Bonhomme (1998) e Dumarsais (1988); posteriormente, fazemos uma síntese das pesquisas realizadas em gramáticas da língua portuguesa. Para que se possa caracterizar como uma figura, o autor propõe quatro características a serem preenchidas por uma palavra ou expressão: 1. Para Bonhomme, o eufemismo é uma figura referencial, visto que o próprio de tais figuras diz respeito à relação entre linguagem e realidade. Bonhomme (1998), partindo de uma visão referencialista de sentido, classifica o eufemismo como uma figura que expressa uma diferença entre a linguagem e a realidade. Para Dumarsais (1988), o eufemismo se encontra classificado como tropo, um tipo de figura cuja especificidade reside na diferença que se estabelece entre sentido próprio e sentido figurado. Na medida que disfarçam uma ideia negativa sem, contudo, deixar de oferecer a possibilidade de entrevê-la
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