Abstract

O presente texto traz relatos registrados em diários e publicações em redes sociais as minhas experiências de uma travesti negra e gorda durante o processo de distanciamento social imposto pela pandemia de COVID-19 nos meses de março, abril, maio e junho de 2020. Tendo por objetivo: compreender como as dimensões da solidão, autocuidado e resistência perpassam as corporalidades e subjetividades travestigêneres e/ou negras e/ou gordas para além da pandemia de COVID-19. A cartografia é o rizoma metodológico escolhido para esse texto, pois, permite alinhavar experiências diversas na construção de um mapa afetivo apresentado nesse texto a partir de gatilhos. A partir dos gatilhos apresentados percebe-se que apesar do isolamento o contato com o mundo social por meio das mídias digitais traz notícias dolorosas, especialmente pelo fato das assimetrias socias impostas pelas estruturas cis/hetero/branco/magro/normativas produzem uma necropolítica de corporalidades dissidentes. Paradoxalmente, também será as redes sociais um modo de articular potências que criam vida durante a pandemia por meio da criação de redes de apoio entre travestis e/ou negras e/ou gordas. O autocuidado numa dimensão pessoal e coletivo é compreendida como uma ferramenta capaz de pensar as interseccionalidades a partir de diferenças fazendo emergir novas formas de organização social. De modo afirmativo das experiências de uma travesti negra e gorda, conclui-se com o decreto: eu não vou morrer. 
 Palavras-chave: Travesti negra e gorda. Pandemia. Solidão. Resistência.

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