Abstract
A Etnoictiologia, vertente das etnociências, vem sendo utilizada como ferramenta no manejo de estoques pesqueiros por fornecer informações sobre os aspectos biológicos e comportamentais de organismos marinhos. Os pescadores artesanais possuem um conhecimento ecológico tradicional sobre a maior parte das espécies que exploram, sendo capazes de opinar e sugerir alternativas para que a exploração do recurso se dê de forma sustentável, sendo assim o objetivo do presente trabalho é verificar o conhecimento dos pescadores de seis comunidades caiçaras de Angra dos Reis sobre variações nas abundâncias dos grupos de peixes por eles explorados. Os 28 pescadores participantes da pesquisa responderam um questionário socioeconômico e um questionário etnoictiológico. A partir dos resultados percebe-se que a pesca artesanal no local está entrando em declínio, devido à alta média de idade dos pescadores e ao descaso pela falta de investimento em infraestrutura na Baía da Ilha Grande. Os pescadores observaram principalmente a diminuição de corvina e sardinha-verdadeira, que vem sendo sobreexplorada pela pesca industrial, o que reflete na diminuição de cavalinha, xerelete/carapau e galo, que fazem parte de sua fauna acompanhante. Sendo assim, são necessárias alternativas de manejo pesqueiro, que priorizem não somente aspectos ecológicos, como também aspectos socioculturais dos pescadores artesanais.
Highlights
From the results we can see that the artisanal fishing on site is declining due to the high average age of fishermen and the lack of investment in infrastructure on Ilha Grande bay
The fishermen mainly observed a decrease of whitemouth croaker and Brazilian sardine, which have been overexploited by industrial fishing, resulting in the diminution of Atlantic chub mackerel, blue runner/horseeye jack and Atlantic moonfish/lookdown, which are part of its companion fauna
Muitos começaram a pescar na infância, refletindo o perfil dos caiçaras da costa do Rio de Janeiro e São Paulo, que começam a pescar desde cedo, podendo ou não trabalhar embarcados por alguns anos; na maior parte das vezes passam a vida toda na comunidade em que nasceram e pescam, em geral muito perto da costa e em barcos pequenos (MALDONADO, 1986; BEGOSSI et al, 2009)
Summary
Na tabela 1, podemos verificar as espécies mais pescadas dos anos de 2011 a 2015, além desses dados agrupados nos cinco anos. As perguntas do questionário etnoictiológico aplicado aos pescadores, sobre as nove etnoespécies (espécies de animais citadas pelos pescadores), objetivou verificar as possíveis variações nos estoques entre os anos de 2011 e 2015 e durante o ano de 2017, quando foi realizado o presente trabalho. As entrevistas foram feitas, em sua maioria, na colônia de pesca de Angra dos Reis e, em alguns casos, nas casas dos pescadores. Os pescadores apresentaram idades entre 23 e 81 anos (média de 56 ± 11 anos) (Tabela 2). Apenas um dos pescadores abordados não nasceu no município de Angra dos Reis, sendo natural de Pinheiral, Rio de Janeiro. Tabela 2: Local de nascimento, idade e tempo de atividade dos pescadores entrevistados
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