Abstract

RESUMO O estudo objetivou selecionar na comunidade Rio Urubueua de Fátima, Abaetetuba-Pará, as espécies vegetais utilizadas no tratamento de transtornos do sistema gastrointestinal, em determinado contexto de uso, associado a um conhecimento construído localmente. A pesquisa foi realizada com 35 informantes entre 28 e 93 anos, selecionados pelo método bola de neve. Os dados foram obtidos por observação participante e entrevistas semiestruturadas. Para a importância relativa das espécies vegetais, calculou-se a porcentagem de concordância quanto aos usos principais (CUP) e concordância quanto aos usos principais corrigida (CUPc). Os interlocutores indicaram várias receitas terapêuticas, e, destas, foram escolhidas as mais empregadas no tratamento da diarreia, por ser doença recorrente na comunidade. Foi investigado o potencial químico das plantas por meio de literatura científica e bancos de dados. “Boldo” e “Anoerá” apresentaram valor máximo de CUP (100%), enquanto a “Hortelã” obteve maior CUPc (87,5%). Das 79 espécies vegetais empregadas como medicinais, nove estão na lista do SUS. Os remédios são preparados exclusivamente sob a forma de chá, sendo a folha a parte da planta mais utilizada (65%). Para o tratamento de diarreia, 12 espécies utilizadas pelos interlocutores têm compostos químicos comprovados por literatura especializada. A comunidade de Rio Urubueua de Fátima faz uso das plantas medicinais para curar doenças, apropriando-se de conhecimentos obtidos, na maioria dos relatos, de seus antepassados. Estes saberes tradicionais contribuem no conhecimento cultural da região e na pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos.

Highlights

  • INTRODUÇÃO O interesse dos povos em relação ao meio ambiente, e em especial aos vegetais, data de milhares de anos (Leite et al, 2015)

  • Das receitas terapêuticas empregadas nos distúrbios gastrointestinal, incluindo tanto as simples quanto às compostas, foram selecionadas aquelas com concordância de usos entre os moradores, e agrupadas com base em critérios de semelhança de composição e uso

  • Assim como em outros trabalhos (Cunha & Bortolotto, 2011; Alves & Povh, 2013), a folha é a parte da planta mais empregada nas receitas, totalizando 65%, seguida da casca (15%), raiz (11%), galho (5%), flores (2%) e fruto (2%)

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Summary

Autorização de acesso ao Patrimônio genético e conhecimentos tradicionais

Antes de iniciar a pesquisa, foi realizada reunião junto à comunidade para apresentação do projeto e assinatura do Termo de Anuência Prévia (TAP). Esta senhora é referência na comunidade pelo número de atendimentos bemsucedidos que realizou ao longo de mais de 30 anos de trabalho no local e por seu conhecimento com as plantas medicinais, as quais, associadas aos remédios farmacológicos, são utilizados pelos moradores. Quando o interlocutor se disponibilizava, foram realizadas turnês guiadas (Albuquerque et al, 2010), que consistiam em visitas ao quintal florestal (área de mata mais distante da casa) ou no quintal doméstico (situado nos arredores da casa), para a coleta de plantas. Das receitas terapêuticas empregadas nos distúrbios gastrointestinal, incluindo tanto as simples (preparadas com apenas uma espécie de planta) quanto às compostas (combinadas com uma ou mais espécies), foram selecionadas aquelas com concordância de usos entre os moradores, e agrupadas com base em critérios de semelhança de composição e uso (dosagens e modo de preparo). Pesquisaram-se dados químicos e farmacológicos publicados em documentos científicos e bancos de dados (Scinfinder, Scielo, Jstor, Biological Abstract e Medline), como forma de avaliar o entendimento da manutenção de uso das plantas ao longo do tempo em decorrência de um efeito farmacológico (potencial bioativo)

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os recursos vegetais e sua importância na comunidade
Dor de estômago
Diarreia Dor de estômago Dor de estômago Dor de estômago
Vermes Gastrite
No de Informantes que fazem uso da receita
Findings
Salva do Marajó
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