Abstract

O objetivo deste artigo é (re)visitar o conceito de dependência como categoria de investigação da (e a partir da) América Latina, por meio de uma perspectiva histórica crítica descolonial, a fim de ampliar o espaço de debates em estudos organizacionais e promover alternativas à ordem neoliberal. Este ensaio terá como foco os estudos da dependência realizados pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) durante a década de 1950 e o início dos anos 1960. A perspectiva descolonial é um constructo teórico de autores latino-americanos que se consideram herdeiros da longa tradição do pensamento social crítico da região, na qual a teoria da dependência está inserida. As propostas dos autores da dependência confrontaram as principais teorias ortodoxas do Norte produzidas à época. A partir do conceito de centro-periferia, da denúncia de assimetrias nas relações entre essas regiões, do reconhecimento da interdependência entre desenvolvimento e subdesenvolvimento, o conceito de dependência foi sendo (re)elaborado nas décadas de 1950 e 1960 por diversos autores latino-americanos como uma categoria de investigação da realidade da (e a partir da) região. Essas investigações tinham por objetivo não somente elaborar constructos teóricos, mas, também, transformar a realidade por meio da criação de diversas organizações e instituições que deveriam servir ao propósito de superar o subdesenvolvimento. A denúncia da historicidade da situação de subdesenvolvimento desnudou o caráter de neutralidade do economicismo das teorias produzidas no Norte e promoveu um encontro teórico entre economia e política que muito tem a contribuir com a área dos estudos organizacionais.

Highlights

  • A preponderância do conhecimento anglo-saxão na literatura dos estudos organizacionais (EOR) produzida na América Latina tem sido denunciada por diversos autores da região (RODRIGUES e CARRIERI, 2001; SARAIVA e CARRIERI, 2009), que também alertam para o fato de que autores latino-americanos tendem a assimilar acriticamente as teorias vindas do Norte, sejam elas mainstream ou críticas, em um processo de autoimposição da colonialidade (IBARRA-COLADO, 2008)

  • Não devemos nos contentar em aderir a uma suposta “virada histórica” conforme proposto por autores do Norte, faz-se também necessária uma “virada geográfica”, que já se encontrava presente nas formulações iniciais dos estudos da dependência como proposto pela Cepal

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Summary

Introduction

A preponderância do conhecimento anglo-saxão na literatura dos estudos organizacionais (EOR) produzida na América Latina tem sido denunciada por diversos autores da região (RODRIGUES e CARRIERI, 2001; SARAIVA e CARRIERI, 2009), que também alertam para o fato de que autores latino-americanos tendem a assimilar acriticamente as teorias vindas do Norte, sejam elas mainstream ou críticas, em um processo de autoimposição da colonialidade (IBARRA-COLADO, 2008).

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