Abstract

Este artigo aborda os processos de socialização das mulheres que habitavam o Brasil até o início do constitucionalismo republicano, à vista da relevância que têm para a história da (in)subordinação feminina. A partir das estruturas e dos órgãos sociais que ditavam o modelo de vida social nos primeiros séculos vividos em terras brasileiras que se questiona a aparente passividade feminina frente a violência institucionalizada sofrida pelo gênero. Embora a maioria dos relatos descrevam a mulher como hipossuficiente, essa subordinação institucionalizada por diversos órgãos sociais não ocorreu de forma pacífica e amena: sempre houve relutância feminina, inclusive no Brasil. Seguindo o raciocínio e em sintonia com a diversidade cultural e racial que modelou a sociedade brasileira, por uma revisão de literatura, este artigo vincula história, sociologia e estudo jurídico para dar compreensão no tempo e no espaço dos papeis sociais e os direitos conferidos à mulher no Brasil desde o período colonial, demostrando como as organizações sociais modelaram a imagem das mulheres e como foram os processos de insurreição por elas militados a fim de afastar a superioridade masculina. Evidenciou-se que, tanto no Brasil Colônia quanto no Brasil Império, a cultura patriarcal foi sedimentada como resultado de longos períodos de não-socialização e de socialização restrita da mulher. Hodiernamente ainda se identificam imagens de mulheres subordinadas como resultados históricos desses processos. O artigo contesta a penumbra de consciência de gênero quase apagada na história do Brasil pelo resplendor simbólico e político do poder masculino, demonstrando merecer evidência vultosa.

Highlights

  • Rever o passado é encontrar outros sentidos para o presente e o futuro, é deslegitimar o poder, a dominação (RAGO, 2016)

  • in view of the relevance they have to the history of female (in)subordination

  • From the social structures and bodies that dictated the model of social life in the first centuries lived in Brazilian lands

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Summary

INTRODUÇÃO

Rever o passado é encontrar outros sentidos para o presente e o futuro, é deslegitimar o poder, a dominação (RAGO, 2016). As palavras da socióloga feminista Heleieth Saffioti discorrem de forma consistente quando escreve “A mulher na sociedade de Classes” em 1969 e demonstra crítica severa ao sistema de classes e às instituições sociais que moldam os corpos e comportamentos das mulheres no século XX: Na questão feminina, a posição da Igreja Católica reflete, de um lado, uma doutrina religiosa na qual a mulher sempre figurou como ser secundário e suspeito e, de outro, seus interesses investidos na ordem vigente nas sociedades de classes. Seguindo o raciocínio e em sintonia com a diversidade cultural e racial que modelou a sociedade brasileira, por meio de revisão de literatura, este artigo vincula história, sociologia e o estudo jurídico para dar compreensão no tempo e no espaço dos papeis sociais e os direitos conferidos à mulher no Brasil desde o período colonial português, demostrando como as organizações sociais modelaram a imagem das mulheres e como foram os processos de insurreição militados por mulheres a fim de afastar a superioridade masculina. A minguada ocupação social das mulheres no início da sociedade brasileira frente os processos de socialização e a forma como se opuseram aos ditames da dominação masculina culturalmente predominante possibilitará aos leitores revisar a abordagem da submissão feminina no Brasil e a visão crítica ao constructo político da naturalização da dominação masculina que ainda se hospeda em nosso cotidiano

REVISÃO DE LITERATURA
CONSIDERAÇÕES FINAIS

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