Abstract

O objetivo deste trabalho é apresentar uma discussão a respeito da suposta perda de autenticidade e tradição das escolas de samba e fornecer uma contribuição para a análise organizacional, tendo em vista as características peculiares desse tipo de organização, o que nos permitiu destacar a ideia de organizações sem fronteiras. Apesar de serem significativamente pesquisadas na antropologia e na sociologia, tais organizações não ganharam ainda a devida atenção da administração. Essas agremiações são tratadas por alguns autores como entidades que sofreram grandes transformações e, por isso, teriam perdido sua autenticidade e tradição, a partir daquilo que ficou conhecido como mercantilização/modernização do carnaval, além da chamada invasão da classe média. Argumentamos que a "mercantilzação/modernização" do carnaval e "invasão" da classe média não produziram a suposta perda de autenticidade e tradição, uma vez que a comercialização do carnaval já se fazia presente no cenário brasileiro desde o início do século XX e a relação entre cultura popular e elite não é algo novo. Assumimos a posição de que "tradição" e "modernidade" não são dicotômicas e excludentes. Como desdobramento da discussão proposta, procuramos apontar que os estudos das práticas organizativas seriam um caminho interessante para superar as dicotomias comumente empregadas nos estudos de escolas de samba, as quais, na verdade, se configuram como organizações sem fronteiras.

Highlights

  • The aim of this paper is to present a discussion about the supposed loss of authenticity and tradition in samba schools and provide a contribution to organizational analysis considering the peculiar characteristics of this type of organization which highlights the idea of borderless organizations

  • A origem do carnaval, ou pelo menos suas principais fontes de inspiração, pode ser atribuída a uma série de eventos e lugares, como as primitivas festas de colheita dos camponeses, os cultos egípcios à deusa Ísis, as festas dedicadas a divindades pagãs na Roma Antiga ou o culto ao deus Dioniso na Grécia Antiga2 (VALENÇA, 1996)

  • A produção do desfile de uma escola de samba requer o envolvimento de um grande número de pessoas e recursos, que são reunidos ao longo do ano para a preparação do carnaval seguinte

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Summary

CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS

Oobjetivo deste trabalho é apresentar uma discussão a respeito da suposta perda de autenticidade e tradição das escolas de samba e fornecer uma contribuição para a análise organizacional, tendo em vista as características peculiares desse tipo de organização, o que nos permitiu destacar a ideia de organizações sem fronteiras. Argumentamos que a “mercantilzação/modernização” do carnaval e “invasão” da classe média não produziram a suposta perda de autenticidade e tradição, uma vez que a comercialização do carnaval já se fazia presente no cenário brasileiro desde o início do século XX e a relação entre cultura popular e elite não é algo novo. Como desdobramento da discussão proposta, procuramos apontar que os estudos das práticas organizativas seriam um caminho interessante para superar as dicotomias comumente empregadas nos estudos de escolas de samba, as quais, na verdade, se configuram como organizações sem fronteiras.

Festejos Carnavalescos e o Carnaval no Brasil
Como tudo começou
Forma de organização para a produção do desfile
Cultura popular em transformação
Autenticidade e Tradição Perdidas?
Considerações Finais
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