Abstract
O presente artigo desenvolve-se em torno de uma revisão crítica a c. 160 epitáfios que utilizam um conjunto de formulae pedaturae que se referem às loci mensurae sepulcri, i.e, às medidas do recinto funerário. O corpus inscriptionum reunido permitiu constatar que este fenómeno constituiu uma idiossincrasia das necrópoles da Hispânia meridional, concentrando-se em três importantes unidades administrativas: os conventus Astigitanus, Cordubensis e Emeritensis, analisados numa tentativa de se relacionarem os dados provenientes do contexto epigráfico com os do contexto arqueológico, de modo a melhor se compreenderem possíveis associações entre os modelos utilizados, as crenças que os subentendiam e as classes sociais que os adoptaram. Pretendeu-se ademais estabelecer uma relação entre os módulos de sepultura (rectangular e quadrangular), o perfil social do defunto e o fenómeno de imitatio Vrbis.
Highlights
The present article revolves around a critical revision of 160 epitaphs that use a set of formulae pedaturae refering to the loci measurae sepulcri, that is, the measures of the burial sites
The corpus inscriptionum showed that this phenomenon constitutes an idiosyncrasy of the necropolis of southern Hispania, assembled on three important administrative units: the conventus Astigitanus, Cordubensis e Emeritensis, analyzed in an attempt to relate the data of the epigraphic sources with those from the archaeological context, for a better understanding of the possible connections between the models used, the beliefs implied and the social classes that adopted them
Gráfico 4 – Relação percentual das fórmulas empregues na indicatio pedaturae dos termini hispânicos
Summary
No que toca aos aspectos cronológicos, a prática da indicatio pedaturae remete para Roma republicana de finais do séc. Estabeleceram-se então, como terminus post quem, os tituli sepulcrales nos quais, juntamente com a indicatio pedaturae, são invocados os D(is) M(anibus)[7], fórmula funerária que se havia generalizado na Hispania a partir do séc. Testemunhos desta realidade são as referências a multas funerárias, penalidade que surge bem documentada em Roma e nas cidades da Ásia Menor, mas também na Britannia, Germania Superior ou Numidia (López Melero e Stylow, 1995: 231). Na Hispania, destaque-se o epitáfio de Fabia Albana (2161)[9], proprietária de um recinto de 50 pés quadrados, identificado nos arredores de Sosontigi, Alcaudete (Jaén), cujo titulus sepulcralis contém uma intimidação sob a forma de pena pecuniária hunc locum violandum qui putaverit reip(ublicae) Aiungitanorum solvet HSXX (milia) [n(ummum)], multa de 20.000 sestércios para o caso de violatio do locus sepulturae, tendo como beneficiário o municipium (López Melero e Stylow 1995, 233 ss.). O declínio e desaparecimento desta realidade levanta assim uma série de questões, concretamente se com ele teria desaparecido também a preocupação em garantir a integridade do sepulcro e a memória pessoal? Ou se este se relacionaria antes com uma mudança nos modelos epigráficos, fruto da evolução de modas locais, e/ou nos modelos de representação pública? Verifica-se então a necessidade urgente de uma revisão ao tema da indicatio pedaturae no intuito de melhor se compreender a sua difusão pelas províncias hispânicas e o seu desaparecimento do registo epigráfico
Talk to us
Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have
Disclaimer: All third-party content on this website/platform is and will remain the property of their respective owners and is provided on "as is" basis without any warranties, express or implied. Use of third-party content does not indicate any affiliation, sponsorship with or endorsement by them. Any references to third-party content is to identify the corresponding services and shall be considered fair use under The CopyrightLaw.