Abstract

O artigo trata da análise ockhamiana do tema da determinação da verdade nasproposições sobre o futuro contingente, segundo a formulação proposta por Aristóteles emDe interpretatione, cap. 9, e de sua relação com o que é proposto sobre este assunto,segundo o próprio Ockham, “de acordo com a verdade e a fé”. A esse respeito, três pontosgeralmente são levantados como possíveis decorrências desta leitura de Aristóteles: aassunção de que Ockham discordaria efetivamente da solução aristotélica, porque errônea;a proposta de que Ockham tenha claramente vislumbrado na resposta aristotélica a indicaçãode uma lógica de três valores e, por fim, a recusa ockhamiana da tese da “necessidadedo conseqüente”. Pretendemos mostrar aqui, porém, que apenas o último desses trêspontos parece correto.

Highlights

  • Em várias partes de sua obra, Guilherme de Ockham apresenta sua própria interpretação desta passagem do texto aristotélico e das implicações do que entende estar ali contido quando posto em relação com o que deve ser sustentado “de acordo com a verdade e a fé”.A esse respeito, pelo menos três teses são defendidas como possíveis decorrências da leitura ockhamiana de Aristóteles

  • Na sua interpretação do que entende ser a proposta aristotélica, através destas duas expressões Ockham não designa senão que algo de fato seja tal qual é enunciado – para que “Sócrates é branco” seja determinadamente verdadeira, é preciso que Sócrates seja de fato branco agora, semelhantemente, para que “amanhã haverá uma batalha naval” seja agora determinadamente verdadeira, é preciso que haja nas coisas algo que determine a ocorrência futura da batalha naval de modo que sua não realização futura seja agora impossível

  • Por exemplo, a cuja exposição parecem seguir a maioria dos comentários contemporâneos sobre a solução ockhamiana para a querela dos futuros contingentes, parece considerar que o principal problema visado por Ockham na interpretação da teoria aristotélica fosse o da tese da necessidade do passado: Dada esta alegada especificação aristotélica das condições de verdade, se todas as proposições singulares tivessem o valor de verdade determinado desde a eternidade, então não haveria nem nunca teria havido quaisquer futuros contingentes, mas tudo que se torna passado doispontos, Curitiba, São Carlos, vol 7, n. 1, p.137-169, abril, 2010

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Summary

Introduction

Em várias partes de sua obra, Guilherme de Ockham apresenta sua própria interpretação desta passagem do texto aristotélico e das implicações do que entende estar ali contido quando posto em relação com o que deve ser sustentado “de acordo com a verdade e a fé”.A esse respeito, pelo menos três teses são defendidas como possíveis decorrências da leitura ockhamiana de Aristóteles.

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