Abstract

Resumo A cinematografia contemporânea de Eduardo Coutinho é marcada pela centralidade da entrevista como forma dramática e pelo registro do encontro presente entre o diretor e os sujeitos filmados. “Arte do presente”, na expressão de Consuelo Lins (2002), esse cinema abriga, entretanto, um projeto mais raro, mas muito denso, de escrita da história. Propomos investigá-lo a partir do cotejo entre dois documentários separados por 20 anos – Cabra marcado para morrer (1984) e Peões (2004). Eles nos permitem, em suas semelhanças e diferenças, observar as iluminações recíprocas (entre passado e presente) ensejadas pela diacronia de Coutinho, que em nossa hipótese elabora “o presente como história” (YSHAGPOUR, 2000, p. 110).

Highlights

  • Claudia Cardoso MesquitaResumo: A cinematografia contemporânea de Eduardo Coutinho é marcada pela centralidade da entrevista como forma dramática e pelo registro do encontro presente entre o diretor e os sujeitos filmados.

  • Basta lembrar que a presença de Lula, nas imagens de arquivo e nas narrativas dos personagens, em Peões, fornece contraponto ao anonimato da maioria, e difere fundamentalmente da presença – também central – de João Pedro Teixeira em Cabra marcado para morrer (deste grande líder camponês, conta-nos o filme, restou apenas uma fotografia, morto).

  • Como em Cabra marcado para morrer , é a partir da ênfase nas rememorações de ex-grevistas “comuns” – e não das lideranças sindicais ou do próprio Lula – que se tece a memória coletiva em Peões, “um filme de câmara sobre um tema épico” (LINS, 2004), como Coutinho sintetizou tão bem.[7].

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Claudia Cardoso Mesquita

Resumo: A cinematografia contemporânea de Eduardo Coutinho é marcada pela centralidade da entrevista como forma dramática e pelo registro do encontro presente entre o diretor e os sujeitos filmados. Basta lembrar que a presença de Lula, nas imagens de arquivo e nas narrativas dos personagens, em Peões, fornece contraponto ao anonimato da maioria, e difere fundamentalmente da presença – também central – de João Pedro Teixeira em Cabra marcado para morrer (deste grande líder camponês, conta-nos o filme, restou apenas uma fotografia, morto). Como em Cabra marcado para morrer , é a partir da ênfase nas rememorações de ex-grevistas “comuns” – e não das lideranças sindicais ou do próprio Lula – que se tece a memória coletiva em Peões, “um filme de câmara sobre um tema épico” (LINS, 2004), como Coutinho sintetizou tão bem.[7]. Em Cabra, por exemplo, mesmo que o reencontro entre cineasta e camponeses indique melhores tempos, as dificuldades que ainda cercam o trabalho de memória deixam ver um presente incerto (pois a ditadura ainda era uma realidade) e um futuro incógnito.[11]

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