Abstract

Resumo Este artigo discute e reflete sobre a relevância de considerar a mediação foco de análise da heterogeneidade na Teoria Ator-Rede (TAR) nos estudos organizacionais, confrontando-a com duas perspectivas paradigmáticas muito discutidas atualmente - simplificação e complexidade. Para tanto, inicialmente, trata da crise do paradigma moderno, mostra a transição desse paradigma para o paradigma da complexidade e situa os estudos organizacionais nesse novo paradigma. Em seguida, mostra sinteticamente a trajetória histórica da heterogeneidade e então evidencia como ela é conceituada na TAR como possibilidade epistemológica para os estudos organizacionais. Por fim, destaca algumas considerações sobre a mediação como foco de análise da heterogeneidade na TAR. O argumento defendido é que, a partir da análise heterogênea dos fatores sociais, tecnológicos e naturais, inter-relacionados no que a TAR denomina atores-redes, é possível superar, nos estudos organizacionais, a circularidade em que os paradigmas modernos da simplificação e da complexidade estão inseridos. Isso porque a heterogeneidade, da forma como pressuposta no contexto da simplificação ou complexidade, trata-se, sobretudo, de concepções estáticas da realidade e, para a TAR, a heterogeneidade é sobretudo relacional, trata-se de fluxos dos coletivos e das maneiras como eles se comportam, estejam eles se apresentando simples, complexos, ordenados ou fluidos. A partir dessas reflexões, este artigo sugere que se basear, epistemologicamente, nos pressupostos da heterogeneidade da TAR constitui uma lente de análise relevante para compreensão dos fenômenos organizacionais.

Highlights

  • This article discusses and reflects on the relevance of considering mediation as focus of analysis of heterogeneity in the Actor Network Theory (ANT) when it comes to organizational studies, comparing it with two paradigmatic perspectives much discussed today- simplification and complexity

  • Por exemplo, constituem conjuntos de componentes interligados e conectados, cuja atuação ocorre mediante as interações estabelecidas entre diferentes atores e seus objetivos (LATOUR, 2000)

  • A complexidade, não está relacionada apenas à quantidade de elementos existentes em dado sistema, mas às ações e relações que se estabelecem entre eles, bem como com o ambiente (MISOCZKY, 2003), estabelecendo a dinâmica de evolução e transformação

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Summary

Verônica Macário de Oliveira José de Arimatéia Dias Valadão

Tradicionalmente, os estudos organizacionais foram fundamentados em princípios deterministas, simplificadores e reducionistas dos fenômenos investigados (BURREL, 2010; MORGAN, 1980, 2005; MARSDEN e TOWNLEY, 1999; BERTERO, 1999). Nesse fato se baseia uma das principais críticas à utilização das abordagens reducionistas nos estudos organizacionais, por ser acusada de não considerar a complexidade das organizações, o que as torna inadequadas para estudar a multidimensionalidade dos fenômenos investigados. Por que é possível afirmar que a TAR possibilita avançar nessas limitações apresentadas e como ela lida com essa “teia de eventos inter-relacionados” que têm desafiado as comunidades científicas, principalmente aquelas debruçadas sobre os fenômenos mais diretamente relacionados às organizações?. Essas reflexões apontam que o caráter totalitário desse paradigma transformou a humanidade em refém da dinâmica científica, por meio da convergência entre o paradigma moderno e o capitalismo, que passou a atender aos interesses do mercado, ameaçando gravemente não só a qualidade de vida dos homens, mas sua própria sobrevivência. A resposta da ciência à questão social será sua contribuição para as profundas aspirações da humanidade

DO PARADIGMA DA SIMPLIFICAÇÃO PARA O PARADIGMA DA COMPLEXIDADE
Preceitos cartesianos
Princípio Princípio sistêmico ou organizacional
Princípio da reintrodução daquele que conhece em todo conhecimento
OS ESTUDOS ORGANIZACIONAIS À LUZ DO PARADIGMA DA COMPLEXIDADE
TRAJETÓRIA HISTÓRICA DA HETEROGENEIDADE
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