Abstract

Numa reflexão de caráter ensaístico, o trabalho examina as interfaces entre os campos religioso e político no Brasil, buscando identificar as possíveis relações entre determinados sistemas de crença e a cultura política brasileira. Questiona-se o modo como as práticas religiosas populares influenciam as pautas de comportamento coletivo e de orientação da ação política de determinados segmentos sociais do país. Para tanto, a discussão concentra-se nas religiões afro-brasileiras e em denominações do campo neo pentecostal, que apesar das inúmeras diferenças rituais e cosmológicas, compartilham conteúdos simbólicos comuns, especialmente aqueles associados às concepções mais estabilizadas sobre as “religiosidades populares”. Trata-se de avaliar as possíveis influências que os códigos de crença estruturados nessas práticas articulariam junto às atitudes e comportamentos dos adeptos em torno de uma práxis política.

Highlights

  • No contexto brasileiro, não são raros os estudos sobre as relações entre religião e política, seja em seus aspectos mais extensos – no que se relaciona com a influência das ideias religiosas sobre o sistema político (PIERUCCI; PRANDI, 1996), seja em suas dimensões mais específicas - no que se refere às micropolíticas endógenas do campo religioso (BRANDÃO, 1986)

  • Como propõe Paula Montero (1999), ressalvando-se a multiplicidade dessas análises e os diferentes recortes disciplinares, é possível verificar que coube à sociologia aquelas iniciativas de uma compreensão mais ampla acerca das interferências entre o religioso e o político, observando-se não apenas a incidência das crenças religiosas sobre os comportamentos eleitorais, mas ainda sua influência sobre a cultura política do país de um modo geral

  • Compreende-se não apenas os estudos sobre a Igreja e o catolicismo popular desenvolvidos desde os anos 1980, cujas preocupações orientavam-se a questionar o potencial

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Summary

Notas Introdutórias

Não são raros os estudos sobre as relações entre religião e política, seja em seus aspectos mais extensos – no que se relaciona com a influência das ideias religiosas sobre o sistema político (PIERUCCI; PRANDI, 1996), seja em suas dimensões mais específicas - no que se refere às micropolíticas endógenas do campo religioso (BRANDÃO, 1986). Como propõe Paula Montero (1999), ressalvando-se a multiplicidade dessas análises e os diferentes recortes disciplinares, é possível verificar que coube à sociologia aquelas iniciativas de uma compreensão mais ampla acerca das interferências entre o religioso e o político, observando-se não apenas a incidência das crenças religiosas sobre os comportamentos eleitorais, mas ainda sua influência sobre a cultura política do país de um modo geral. Tal medida propõe viabilizar observações que se referem não apenas ao modo como um conjunto de representações incide sobre os comportamentos coletivos, mas ainda à forma como tais representações são vivenciadas na prática por parte dos atores, assim ressalvando-se as circunstâncias específicas pelas quais determinados grupos experimentam as relações entre religião e política. Tais orientações são aqui concebidas como seminais na constituição dos padrões da cultura política brasileira, seja em caráter estrito (nos procedimentos decisórios de voto), seja numa acepção extensa (na configuração da cidadania e da democracia no país)

Secularização Encantada na Esfera Pública Brasileira
Religiões Neopentecostais
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