Abstract

O objetivo deste artigo é discutir a construção de valores de orientação moral de sujeitos que são consumidores de drogas lícitas e ilícitas e que vivem nas ruas centrais da cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, no Brasil. Trata-se do resultado de uma pesquisa etnográfica, realizada entre 2013 e 2017, por uma equipe de pesquisadores das áreas de Antropologia, Filosofia e Ciências Políticas, estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação em Ciências Sociais. Foram analisadas as trajetórias de vida das pessoas que vivem na rua e que consomem drogas. Os procedimentos metodológicos utilizados foram: técnicas de observação direta, entrevistas informais e formais, e registros em caderno de campo. O suporte teórico de análise do material se baseou em autores como Habermas, Krohlberg, Goulejac, Oliveira. Eles foram fundamentais para esta pesquisa. Para a leitura analítica da situação específica de rua e dos atores sociais privilegiados nessa investigação, foram considerados três aspectos determinantes na compreensão dos valores morais: a singularidade do fato moral nas ações do sujeito; o predomínio do uso pragmático e criativo de valores e contravalores nas ações cotidianas; e as questões éticas/morais em situações de risco. Esses aspectos são cruciais para entender a vida das pessoas que vivem na rua dos espaços urbanos, usam drogas e se encontram em situação de vulnerabilidade social. Os resultados obtidos demonstram que, na percepção dos sujeitos, os valores éticos e morais são construídos com base em perspectivas universais e singulares, que estruturam o cotidiano em um cenário desenhado por situações dilemáticas, ambivalentes e conflitivas. Viver na rua e fazer uso de drogas para as pessoas que participaram dessa investigação e as questões éticas são expressas no ato de refletir sobre seu estilo e suas expectativas de vida. Já as questões morais são circunstanciadas entre o desafio de pensar a prática com base na universalização de valores e a aposta na superação do pensar orientado pelo egocentrismo. A experiência do uso de drogas e da vida nas ruas determina que as ações dos sujeitos sejam ancoradas no uso pragmático dos valores que têm como referência.

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