Abstract

Resumo O artigo faz uma revisão do pensamento conjunto de Celso Furtado e Juan Noyola Vásquez desde uma perspectiva da abordagem da complexidade. Apresenta-se o esquema analítico dos autores, evidenciando a presença de elementos que remetem a mecanismos de retroalimentação que engendram propriedades emergentes do sistema econômico, tais como a baixa taxa de crescimento, o atraso tecnológico, a inflação persistente e o aprofundamento da desigualdade, contribuindo para a manutenção do resultado de armadilha do subdesenvolvimento.

Highlights

  • Introdução O desenvolvimento, bem como o subdesenvolvimento, são resultado da dinâmica interativa de diversas variáveis, não somente relativas ao nível micro ou macroeconômico, mas que se relacionam também ao âmbito sociológico, cultural, político e ambiental

  • Estendemos o escopo dos estudos organizados por Colander (2000) para incluir a indagação central que orienta o presente artigo, a saber: como a abordagem da complexidade pode enriquecer o nosso entendimento sobre o desenvolvimento econômico? Uma primeira aproximação a uma resposta desta magnitude requer necessariamente um recorte mais modesto do problema, para o qual há antecedentes na literatura econômica

  • Para que um sistema econômico nacional – adaptativo e complexo – possa incrementar suas possibilidades de existir e persistir em um estado de complexidade auto-organizada, com capacidade de prosseguir satisfatoriamente na trajetória evolutiva, refletida em seus resultados de desenvolvimento, ele deveria apresentar, como pré-requisito, ao menos elementos internos adequados (Cardoso, 2012) – dentre estes, enfatizamos a importância das instituições adequadas a tais fins definidos no processo de disputa política

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Summary

Contribuições da abordagem da complexidade à economia do desenvolvimento

A aplicação da Abordagem da Complexidade ao campo da Economia é ainda relativamente recente, o que lhe confere uma natureza ainda experimental, especialmente do ponto de vista da instrumentalização e formalização de seus modelos teóricos. Para que um sistema econômico nacional – adaptativo e complexo – possa incrementar suas possibilidades de existir e persistir em um estado de complexidade auto-organizada, com capacidade de prosseguir satisfatoriamente na trajetória evolutiva, refletida em seus resultados de desenvolvimento, ele deveria apresentar, como pré-requisito, ao menos elementos internos adequados (Cardoso, 2012) – dentre estes, enfatizamos a importância das instituições adequadas a tais fins definidos no processo de disputa política. Por conta do efeito das retroalimentações positivas observadas em sistemas complexos adaptativos – e das suas propriedades derivadas, tais como dependência de trajetória e aprisionamento –, se não houver intervenção e redirecionamento, de modo a quebrar a lógica própria desses efeitos cumulativos, a tendência é que o hiato entre as nações desenvolvidas e as subdesenvolvidas aumente, assim como os hiatos internos, relativos às desigualdades entre as classes e entre as regiões de determinado sistema econômico nacional. Realizadas essas breves considerações a partir da Abordagem da Complexidade aplicada ao desenvolvimento – destacando-se o resultado de armadilha de instituições ineficientes como uma das causas da armadilha do subdesenvolvimento – nas duas seções que seguem, recorre-se a dois pensadores da escola cepalino-estruturalista que apresentam elementos de complexidade que ajudam a compor a explicação dessas armadilhas

Noyola e a complexidade do subdesenvolvimento e da inflação
Furtado e a economia como um organismo complexo
Complexidade e desenvolvimento econômico: à guisa de conclusão
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