Abstract
Objetivo: Avaliar a efetividade da formação em alimentação complementar (AC) sobre a alimentação de crianças menores de um ano atendidas na Estratégia de Saúde da Família (ESF) do Rio de Janeiro. Método: Ensaio comunitário randomizado controlado desenvolvido em seis unidades básicas de saúde. A intervenção consistiu em formação sobre alimentação complementar dirigida aos profissionais de saúde complementada por materiais de apoio aos profissionais e materiais educativos dirigidos às famílias. A alimentação das crianças foi analisada quando elas tinham quatro, seis, nove e 12 meses de idade. A efetividade da intervenção foi avaliada segundo “intenção de tratamento” e dose-resposta. Resultados: Foram estudadas 220 crianças no Grupo Intervenção (GI) e 225 no Grupo Controle (GC). O GI apresentou proporções maiores de amamentação e menores de uso de bicos que o GC aos 12 meses. O GC apresentou menor proporção de consumo de alimentos ultraprocessados ou não recomendados aos quatro meses e maior proporção de adequado número de refeições de sal aos 12 meses. A densidade energética de alimentos e a variedade da alimentação estavam aquém do recomendado em todos os acompanhamentos. O efeito dose-resposta foi observado somente para o uso de bico aos nove meses. Discussão: O baixo nível de exposição à intervenção entre mães de crianças do GI e o fato de que a orientação fornecida pelo profissional, quando ocorria, nem sempre era correta, podem explicar em grande parte os resultados. Conclusão: Ainda que os profissionais do GI apresentassem maior conhecimento sobre AC do que os do GC, os perfis alimentares das crianças de ambos os grupos foram semelhantes e distantes das recomendações para praticamente todos os indicadores estudados.DOI: 10.12957/demetra.2019.43801
Highlights
Sobre o nível de exposição à intervenção, observa-se que mais de 50% das crianças de GI não foram expostas à intervenção em todos os acompanhamentos realizados no estudo
Quanto aos indicadores de desfecho, aos quatro meses de idade, a grande maioria das crianças era amamentada (80,1%), mas recebia outro líquido ou alimento que não leite materno (84,2%), com destaque para água (65,8%), outros leites (51,5%) e mingau (35,7%), e fazia uso de utensílios com bico (74,8%), não sendo observadas diferenças estatisticamente significativas entre GI e GC
73,1% das crianças continuavam em aleitamento materno, não havendo diferença estatisticamente significativa entre os grupos
Summary
ADados faltantes variaram entre 0 a 4%. Quanto ao nível de conhecimento dos profissionais sobre alimentação infantil no primeiro ano de vida, no início do arrolamento das crianças para o estudo, houve diferença entre GI e GC para os dois indicadores examinados: as médias das notas obtidas no questionário de avaliação foram de 8,50 e 6,70, respectivamente, e as proporções de profissionais com conhecimento adequado foram de 72,4 e 15,8%, respectivamente, sendo essas diferenças estatisticamente significativas (p< 0,001). No tocante à orientação fornecida pelos profissionais sobre alimentação da criança do GI, observou-se que a proporção dos entrevistados que relataram tê-la recebido, independentemente do recebimento do material educativo, variou de 39,1% (no segundo acompanhamento) a 14,9% (no último acompanhamento) (tabela 2). Foi baixo o percentual de informantes que relataram continuar com dúvidas sobre a alimentação da criança depois de receber a orientação. A proporção de responsáveis que recebeu o material educativo variou de 6,4% (no primeiro acompanhamento) a 31,2% (no último acompanhamento), independentemente do recebimento de orientação alimentar. Sobre o nível de exposição à intervenção, observa-se que mais de 50% das crianças de GI não foram expostas à intervenção em todos os acompanhamentos realizados no estudo.
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