Abstract

No âmbito das discussões sobre educação escolar quilombola diferenciada, a ambiguidade raça-classe se apresenta como um empecilho epistêmico importante. Apesar de algumas décadas de investimento analítico na problematização das relações étnico-raciais no contexto escolar brasileiro, ainda não foram realizadas pesquisas com foco específico no desempenho de estudantes quilombolas. Por isso, no presente trabalho analisamos o desempenho de estudantes nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e avaliamos se este desempenho permite que os estudantes quilombolas ingressem no ensino superior público brasileiro. Desenvolvemos um estudo quantitativo utilizando dados do ENEM e do Censo da Educação Básica para estabelecer reflexões sobre de que maneira os sentidos da raça e classe social se interseccionam e se materializam nas desigualdades escolares contemporâneas. Metodologicamente nos valemos de estatísticas descritivas interpretadas à luz da literatura educacional e sociológica. Os resultados revelam que estudantes quilombolas possuem, em média, perfil socioeconômico que pode ser associado com a classe popular e suas chances de ingresso no ensino superior são diminutas. Discutimos os resultados a partir do mito da democracia racial e da meritocracia e problematizamos ações de políticas públicas para a educação escolar quilombola.

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