Abstract
RESUMO Introdução: A Aprendizagem Baseada em Problemas ocorre por meio do trabalho em pequenos grupos, facilitado pelos tutores, devendo haver contribuição de todos para o alcance dos objetivos de aprendizagem. O estudante com perfil dominante pode desequilibrar essa dinâmica do grupo. Objetivo: Este estudo teve como objetivo compreender, na perspectiva da aprendizagem colaborativa, os significados atribuídos pelos docentes e discentes à presença do estudante com perfil dominante no grupo tutorial. Método: Realizaram-se dois estudos, de natureza qualitativa, com tutores e estudantes de uma faculdade do Nordeste do Brasil. O primeiro estudo objetivou compreender a percepção dos docentes sobre presença do estudante dominante no grupo tutorial. Para tanto, utilizaram-se entrevistas semiestruturadas para coleta das informações. A população foi composta por tutoras da graduação de Fisioterapia, com mais de dois anos facilitando grupos tutoriais. O segundo estudo objetivou compreender os significados atribuídos por discentes à presença do perfil de dominância nas tutorias. Utilizou-se o grupo focal como método de coleta. Participaram estudantes de Medicina dos quatro primeiros anos do curso. O processo de análise e interpretação das falas dos dois estudos foi ancorado nos pressupostos teóricos da aprendizagem colaborativa, os quais também serviram de referência para elaboração do roteiro das entrevistas e do grupo focal. Adotou-se a técnica da análise de conteúdo de Bardin. Os estudos foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa com CAAE nº 26191119.5.0000.5569 e CAAE nº 38005320.5.0000.5569, respectivamente. Resultado: Os tutores e estudantes enfatizaram a diversidade encontrada no perfil de dominância. Caracterizaram o estudante com esse perfil como colaborativo, participativo e preparado. Apontaram também características de impaciência, dificuldade em escutar e aceitar colocações contrárias às suas, além de comportamento intrusivo, silenciando e limitando a participação de outros. As tutoras reforçaram a dificuldade em lidar com o estudante dominante, inclusive em dar feedback. Os discentes relataram que os tutores, perante o estudante dominante, não percebiam a ausência de colaboração no grupo e apresentavam insegurança para intervir. Conclusão: Os discentes expressaram tolhimento e insegurança diante da presença do estudante dominante, com prejuízo na construção do conhecimento do grupo e no desempenho individual, bem como decepção quanto à atuação do tutor. Os tutores demonstraram reconhecer as sutilezas dentro do perfil de dominância, apesar de suas dificuldades em intervir adequadamente.
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