Abstract

Em Schopenhauer, o sofrimento existencial ligado à recorrência do desejo cessa apenas, parcialmente, nos momentos de contemplação artística, ou, de modo mais amplo e profundo, na negação (Verneinung) da Vontade. Isto se traduz na condenação ética ao aspecto compulsivo da atividade da Vontade. Em Nietzsche, inversamente, a intensificação é parte da referência comum aos impulsos (Triebe) por poder, pois estes até mesmo buscam o que lhes resiste, formando soluções de compromisso e combatendo entre si, restando também uma possibilidade de refinamento dos alvos dos impulsos. A diferença em relação ao inevitável sofrimento admitido por ambos é que Nietzsche se recusa à compaixão e à negação da Wille zum Leben. A questão que analisamos neste artigo é se, apesar disso, não haverá alguma injustiça na visão de Nietzsche acerca de Schopenhauer, precisamente no que concerne ao fato do primeiro ser a fonte originária do pensar acerca dos impulsos inconscientes, e em que medida, apesar do “parricídio” em relação ao grande mestre de sua juventude, Nietzsche não terá preservado involuntariamente em sua filosofia muito mais de Schopenhauer do que poderia admitir.

Highlights

  • Nietzsche descobre a filosofia de Schopenhauer em 1866

  • Até mesmo nos aspectos em que Nietzsche negará o negador, também citados e enumerados no mesmo aforismo, ainda assim utilizará um instrumental analítico encontrado na obra do filósofo de Frankfurt, especialmente nos Complementos ao Mundo como Vontade e Representação

  • A compaixão envenenaria as pessoas tornando-as dóceis e manipuláveis, um rebanho, coisa que já está expressa na parábola dos porcosespinhos do livro Parerga e Paralipomena, de Schopenhauer, citada também por Freud em Psicologia de Massas e Análise do Eu

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Summary

Introduction

Nietzsche descobre a filosofia de Schopenhauer em 1866. Segundo sua própria narrativa, tal encontro foi marcado por profundo júbilo e produziu uma grande mudança em sua vida, equivalente a uma conversão e a Dionísio e o mistagogo: apontamentos sobre a questão do parricídio filosófico 27 uma iniciação filosófica.

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