Abstract

Este artigo mapeia conexões de homens, saberes e negócios entre Portugal, Angola e o Brasil nos anos de 1840 a 1860. Investigo a circulação dos saberes de produção de commodities, assim como pretendo esmiuçar as práticas da administração colonial, especialmente sobre as formas de arregimentação do trabalho (especializado e braçal) nesse momento dos cruzadores e dos tratados antitráfico. Busco ressaltar as tensões, embates e uma persistente resistência que operava de diversas formas, seja na recusa ao trabalho, na fuga, na luta institucional ou na guerra. O artigo tem quatro partes: na primeira, examino a circulação de ideias sobre a colonização militar nesse período; em seguida, procuro observar, no estabelecimento de Moçâmedes, as suas conexões com o Brasil; em uma terceira parte, estudo a fundamental presença dos trabalhadores libertos e escravos; e, por fim, trato das contínuas guerras travadas na região, sobretudo nos últimos anos da década de 1850. Ao longo do artigo, estão algumas trajetórias reveladoras de percursos atlânticos nos negócios e na administração colonial: indivíduos formados nas lutas políticas dos anos 1820-1830 que assumiam novos (velhos) papéis nos novos (velhos) tempos da colonização.

Highlights

  • Em princípios de 1840, chegava em Lisboa o relatório da expedição do oficial da marinha Pedro Alexandrino da Cunha para o porto de Pinda e a baía de Moçâmedes, ao sul de Benguela

  • I investigated the circulation of commodities production knowledge, in order to scrutinize the practices of colonial administration, especially on the forms of recruited labor at that time for cruisers and anti-trafficking treaties

  • I aim to highlight the tensions, clashes and persistent modes of resistance be it by refusal to work, via escapes, institutional struggle or even war

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Summary

Lisboa

Em 1845, 92 libertos “que vieram da lancha apresada pela escuna Nimpha” foram encaminhados para as plantações de outra colônia portuguesa, a ilha de São Thomé, onde as fazendas de cacau e café seguiriam com o trabalho escravo ainda por décadas.[58] A expectativa do ministério era que o fluxo de libertos fosse em direção a São Thomé e Moçâmedes, as duas apostas do momento para a produção de gêneros agrícolas coloniais. 1857: “Pondera Sua Excelência que a incúria dos pretos há de ser vencida, sendo para isso um dos meios próprios, o mesmo aumento do imposto.” 72 AHU, caixa 623/1, ofício do governador de Golungo Alto para o governador-geral de Angola, 14 nov. Fernando – em 1849 o efetivo era de 100 homens (brancos, degredados), mas em 1858 já eram 50083 – houve a presença, 78 AHU, caixa 622/2, ofício do governador-geral de Angola, 30 dez.

23 Exemplo de um jornal noticiando acontecimentos em Angola
77. Assinaram o projeto
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